AJUFE

Seminário discute a comunicação da Justiça com a sociedade


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Participando do painel “Comunicação dos Tribunais e Magistrados com a Sociedade”, no Seminário de Encerramento do Programa de Valorização da Magistratura, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, reconheceu na comunicação “um fator de fundamental importância para a atividade associativa e para o próprio Judiciário”.

Lembrando uma frase de David Ogilvy, “Comunicação não é o que você diz, é o que o outro entende”, Nino Toldo afirmou que é fundamental que haja comunicação. “Então, é preciso saber falar a linguagem do outro, para que ele possa entender aquilo que nós queremos dizer. E o Judiciário, na minha opinião, padece desse mal. Ele não sabe se comunicar”. Citou como exemplos operações em que a Polícia Federal e o Ministério Público recebem grande destaque, ficando o Poder Judiciário em segundo plano, quando aquela operação resulta da uma decisão judicial.

O presidente da Ajufe destacou que, na discussão desse tema, em cinco momentos no ano passado, 17 proposições feitas reconhecem a importância da comunicação como fator estratégico para o Poder Judiciário: “Isso é altamente significativo. Isso mostra que há uma crise de comunicação interna que precisa ser resolvida. Quatro proposições tratam da necessidade do treinamento dos juízes para se comunicarem, propondo o mídia training, que é fundamental. No TRF-3, a escola de magistrados já realizou cursos de media training e colocou isso como ponto de formação dos magistrados que tomaram posse recentemente”.

Nino Toldo informou que a Ajufe tem um programa na TV Justiça, mas salientou que “não é para a entidade falar com seu associado, é um programa para a Justiça Federal falar com a sociedade. Porque a grande parte dos telespectadores desse programa não é juiz. Isso é importante, nós temos que usar esse espaço para divulgar corretamente informações sobre a Justiça Federal”.

O presidente da Ajufe citou duas propostas que aprova: a divulgação de decisões judiciárias inovadoras e o incentivo a estudos e pesquisas de comunicação no Poder Judiciário. Lembrou, ainda, as manifestações feitas pelo país no dia anterior: “O que aconteceu ontem é um fenômeno de comunicação, das mídias sociais. Elas são de extrema importância hoje em dia e nós não podemos negligenciá-las. Precisamos aprender a usá-las, para nos relacionarmos com a sociedade. O retorno é positivo”.

Afirmou, porém, que não gostou de  duas proposições. Uma propõe que o CNJ deve orientar os órgãos do Judiciário nos Estados a trabalhar na construção de uma TV do Judiciário em cada unidade da Federação. “Não sei se isso é bom. Tem um custo que não é pequeno e leva a uma dispersão de recursos de área fim para uma área meio. Nós já temos a TV Justiça”. A segunda proposição é incentivar a transmissão ao vivo das sessões de julgamento em todos os órgãos do Judiciário. “Essa medida tem o aspecto positivo de dar divulgação ao julgamento. Por outro lado, fez com que tivéssemos algumas aulas magnas em julgamentos. Temos aquelas leituras de voto enfadonhas, que levam horas. A transmissão de sessão de julgamento ao vivo não faz bem ao processo de comunicação adequado que nós buscamos.”

Também participou do painel o assessor de imprensa da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados (Enfam), Marcone Gonçalves. Ele afirmou que o Judiciário precisa ter uma política clara de comunicação, com estratégia definida, com orçamento definido. “A comunicação é um processo muito mais complexo do que ter um jornalista de luxo atendendo demandas da imprensa”, afirmou. A mesa foi presidida pelo conselheiro do CNJ Wellington Saraiva.

Fonte: AJUFE

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Seminário discute a comunicação da Justiça com a sociedade. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2013. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/ajufe/seminario-discute-a-comunicacao-da-justica-com-a-sociedade/ Acesso em: 28 mar. 2024