Execução

Modelo – Embargos à Execução Fiscal

Embargos à execução fiscal de taxa de fiscalização municipal.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública do Município de Belo Horizonte

Embargos à Execução

Processo de Execução número 0000000

JOSÉ DOS ANZÓIS, brasileiro,
casado, administrador, portador do CPF n. 000000, residente e domiciliado à rua da Alegria, 00
– Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte/MG, intimado da penhora de bens
conforme contrafé inclusa, nos autos da Execução Fiscal requerida pela
Fazenda Pública do Município de Belo Horizonte, processo em epígrafe, no prazo legal vem oferecer

EMBARGOS À EXECUÇÃO

fundados nos fatos e no direito abaixo deduzidos:

DOS FATOS

O Embargante foi surpreendido com a Execução Fiscal do Município de Belo
Horizonte, de um pretenso débito da Empresa Ltda, da qual figurou como sócio, a
título de TAXA de FISCALIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO, embora a empresa não
tenha funcionado e não tenha sido
fiscalizada em qualquer época.

A cobrança tem suporte nas Certidões de Dívida Ativa, de número 0000, referente ao exercício de
l994; 00000, referente ao exercício de l995; 00000, referente ao exercício de l996 e 00000, referente ao exercício de
l997, que mencionam como fundamento a Lei Municipal de número 5.641/89, que instituiu a Taxa de
Fiscalização e Funcionamento, tudo acrescido de juros e correção monetária
aplicados.

DO CERCEAMENTO DA DEFESA

As Certidões de Dívida Ativa, foram extraídas conforme lançamentos respectivos, sem que o Embargante tivesse conhecimento de qualquer processo
administrativo para oferecer sua defesa, à época.

Data venia, para que pudesse responder pelo débito reclamado, impunha-se
sua notificação para acompanhar os termos do processo administrativo.

Assim, se o Executado à época do fato gerador não foi regulamente notificado para acompanhar os plenos
termos do processo administrativo, configura-se notório cerceamento da sua defesa, eivando de nulidade a execução fiscal originária de processo
administrativo do qual não participou, razão pela qual deve ser extinto o
processo de execução e declarada insubsistente a penhora levada a
efeito.

DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO FISCAL

A Execução tem lastro apenas na cobrança de TAXA DE FISCALIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO, entretanto, a empresa não
chegou sequer a funcionar.

Conforme consta da DECLARAÇÃO inclusa, EXPEDIDA PELA PRÓPRIA EXEQUENTE, a Executada nunca chegou a funcionar, tanto que não solicitou autorização Municipal para confeccionar seus
documentos fiscais.

A executada sequer existe juridicamente, posto que, não conseguindo
iniciar suas atividades e não
promovendo, por conseqüência, seu recadastramento perante a JUCEMG, teve seu registro cancelado EM FACE DE
SUA INATIVIDADE, conforme prescreve a legislação vigente e conforme consta da certidão inclusa.

Logo, claro, se a empresa não
chegou a funcionar, não tinha sede, não exerceu qualquer atividade de comércio ou
de serviços, não se pode falar em cobrança de TAXA DE FISCALIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO.

Destarte, pede e espera o Embargante, por esta razão, que se digne Vossa
Excelência de acolher os presentes embargos, para declarar
inexistente o Débito Fiscal, extinguir o processo de execução e decretar a insubsistência da penhora.

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA TAXA

Importa observar que as
normas Municipais que ensejaram a
cobrança da Taxa de Fiscalização e Funcionamento, por outro lado, afrontam a Constituição Federal, posto que, não se tratando de serviço divisível,
deixam de amoldar-se ao mandamento inserto no artigo 145, II, da Constituição Federal, razão pela qual
encontram-se contaminadas por vício
insanável, senão vejamos:

Constituição Federal – Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Mas, outra inconstitucionalidade se apresenta no que tange à identidade da base de cálculo da referida
taxa com algum dos elementos que compõem
a do IPTU, senão vejamos:

Lei 5.641/89

Artigo l8 – A Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento,
fundada no poder de polícia do Município, concernente ao ordenamento das
atividades urbanas e à proteção do meio ambiente, tem como fato gerador a
fiscalização por ele exercida sobre a localização de estabelecimentos
comerciais, industriais e de prestação de serviços, bem como sobre o seu
funcionamento em observância à legislação do uso e ocupação do solo urbano e às
posturas municipais relativas à segurança, à ordem e à tranqüilidade públicas e
ao meio ambiente.

Artigo 21 – A Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento será
calculada de conformidade com a Tabela I anexa a esta Lei, na forma e prazos
regulamentares.

TABELA I – PARA LANÇAMENTO DAS
TAXAS INSTITUÍDAS PELO MUNICÍPIO

I TAXA DE FISCALIZAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO

Por ano, por estabelecimento:

1.1 – até 50m2 …………………………………………… 1,5
UFPBH

1.2 – acima de 50 até 100m2 ……………………….. 3,0 UFPBH

1.3 – acima de 100 até 150m2 ………………………. 5,0 UFPBH

1.4 – acima de 150 até 270m2 ………………………. 8,0 UFPBH

1.5 – acima de 270 até 500m2 ……………………….15,0 UFPBH

1.6 – acima de 500m2

– pelos primeiros 500m2 …………………………….. 20,0 UFPBH

– por área de 100m2 ou fração excedente ………… 4,0 UFPBH

Artigo 63 – O imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana –
IPTU – tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel, por natureza ou acessão física, como definido na lei civil, localizado
na Zona Urbana do Município.

Art. 69 – A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel.

Parágrafo único – Na determinação da base de cálculo não será considerado
o valor dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou temporário, no
imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

Art. 70 – O valor venal do imóvel será determinado em função dos
seguintes elementos, tomados em conjunto ou separadamente:

I – preços correntes das transações no mercado imobiliário;

II – zoneamento urbano;

III – características do logradouro e da região onde se encontra o imóvel;

IV – características do terreno como:

a) área;

b) topografia, forma e
acessibilidade;

V – características da construção como:

a) área;

b) qualidade, tipo e ocupação;

c) o ano da construção;

VI – custos de reprodução.

Assim, resta induvidoso que a composição da base de cálculo para
incidência da “Taxa de Fiscalização
e Funcionamento” utiliza-se de
parte dos mesmos elementos que
integram a base de cálculo do IPTU, além de tratar-se de serviço público
indivisível.

Ainda no artigo 145, dispõe a Constituição Federal:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:

§ 2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Também o Código Tributário Nacional, em seu artigo 77, estabelece, com
absoluta clareza, a definição legal das taxas e sua base de cálculo:

Art. 77. As taxas cobradas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do
capital das empresas.

DA JURISPRUDÊNCIA

A jurisprudência do Egrégio Supremo Tribunal Federal, examinando e
julgando matéria idêntica, inclusive em
demanda com o próprio Município de Belo
Horizonte, e relativamente a mesma Taxa de Fiscalização e Funcionamento, é firme na
seguinte orientação:

AG. REG. EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

NÚMERO 216528 – JULGAMENTO
17/11/97

EMENTA:

TAXA DE FISCALIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. BASE DE CÁLCULO
VINCULADA À ÁREA OCUPADA PELO ESTABELECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.

1. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido do reconhecimento da
impossibilidade de utilização de base de cálculo idêntica para a cobrança de
tributo distinto.

2. Havendo identidade de base de cálculo da taxa com algum dos elementos
que compõem a do IPTU, resta vulnerado o art. 145, parágrafo 2º da Constituição
Federal.

Agravo Regimental não provido.

Decisão unânime – relator Ministro Maurício Corrêa

Publicação DJ 27/02/98

A jurisprudência do STF, pacífica, também se assenta nas teses ora apresentadas
e tem reconhecido a
inconstitucionalidade de tributos com a mesma base de cálculo e sem obediência a divisibilidade dos serviços.

TAXA DE FISCALIZAÇÃO – MUNICIPIO DE BELO HORIZONTE – PODER DE POLÍCIA –
BASE DE CÁLCULO – CF ART 245, II, PARÁGRAFO
2O.- Ilegitimidade da taxa de fiscalização dado que a base de cálculo –
incidência ou sobre a área total do imóvel, ou recaindo sobre a área ocupada
pelo estabelecimento – faz coincidir, nas duas hipóteses, o elemento
fundamental, ou seja, o metro quadrado da superfície do imóvel. A base de
cálculo da taxa, no caso, coincide basicamente com a base de cálculo do IPTU: Ilegitimidade constitucional: CF, art.
145, parágrafo 2o. – (STF RE 195.926-6 – 2a. Turma – Relator Min.
Carlos Veloso, DJU 12.12.1997)

TAXA DE FISCALIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO – BASE DE CÁLCULO
VINCULADA A ÁREA OCUPADA PELO ESTABELECIMENTO -IMPOSIBILIDADE. 1. É firme a
jurisprudência desta Corte no sentido do
reconhecimento da impossibilidade de utilização de base de cálculo idêntica para a cobrança de tributos distintos. 2. Havendo identidade de base de
cálculo da taxa com alguns dos elementos que compõem a do IPTU, resta vulnerado o artigo 145, parágrafo 2o. da Constituição
Federal . Agravo Regimental não provido. (STF AGRRE 216.528 -MG – 2a. Turma –
Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJU
27.02.1998, pag.9)

Portanto, também pela inconstitucionalidade da taxa cobrada, deve ser extinto o processo
de execução e declarada insubsistente a penhora levada a
efeito.

PROVAS

Requer o Embargante que se digne Vossa Excelência de determinar à Embargada que faça juntar aos autos cópia do processo administrativo que deu origem ao débito cobrado.

Requer a juntada de documentos até
a sentença.

Pede e espera, finalmente, pelo decreto de procedência dos presentes Embargos para extinguir o processo de
execução, tornando insubsistente a penhora e, a final, condenar a Embargada nos ônus da
sucumbência.

Para fins de alçada atribui-se aos presentes Embargos o valor de R$ 00.000,00.

Nestes termos,

Pede deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]

Reprodução autorizada. Fonte:
www.jurisway.org.br

Como citar e referenciar este artigo:
MODELO,. Modelo – Embargos à Execução Fiscal. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/peticoes/execucao/modelo-embargos-a-execucao-fiscal/ Acesso em: 29 mar. 2024