Relações Internacionais

O Idealismo de Woodrow Wilson


GRIFFITHS, Martin. Woodrow Wilson. In: ______ 50 grandes estrategistas das relações internacionais. São Paulo: Contexto, 2004.

O idealismo ou internacionalismo liberal surgiu no período entre guerras, por volta da década de 20. Seu projeto era de transformar as relações internacionais de forma que elas se adaptem aos modelos de paz, liberdade e prosperidade que, em tese, gozam, os estados democráticos liberais.

O liberalismo internacional é dividido em três ramos, todos presentes na filosofia de Wilson:

· Comercial – promove permutas e comércio entre os Estados, na crença de que a interdependência econômica entre países possa reduzir a violência;

· Republicano – incentiva a implementação de democracias nas nações, onde o povo passa se auto-governar e promovam seus interesses e

· Regulatório – busca fomentar a lei nas relações internacionais, assim como organizações que moderem a segurança entre os Estados.

Essas práticas idealistas, na visão wilsoniana, ajudariam a modificar a anarquia internacional e reduziriam os incentivos para que os Estados se dedicassem a privilegiar seus interesses imediatos em detrimento dos interesses coletivos da sociedade dos Estados.

Assim, conclui-se que o idealismo pode ser interpretado como um conjunto de princípios universais que defende a necessidade de estruturar o mundo, buscando seu entendimento através de condutas pacifistas, onde a confiança e a boa vontade sejam os motores que movimentam a História.

Woodrow Wilson nasceu em 1856, no estado da Virgínia – Estados Unidos. Estudou história, clássicos e formou-seem direito. Após tentar, sem o êxito esperado, seguir a carreira de advogado, ingressou na carreira acadêmica, tornando-se professor na John Hopkins University. Lá, escreveu seu primeiro livro Congressional government – que lhe rendeu o doutorado – e o segundo The State. Tempo depois, foi para Princeton (em New Jersey), onde se tornou reitor em 1902.

Wilson foi eleito governador de New Jersey em 1911 e iniciou uma série reformas radicais, cujo sucesso o levou à casa branca em 1912. Como governador e presidente implementou uma série de reformas modernizantes democrático-liberais, como eleições direitas para a legislatura de New Jersey, leis anti-monopólio e redução de tarifas sobre importação.

“Nos negócios exteriores, Wilson enfatizou a importância dos direitos humanos, inclusive o direito auto-governo e a ilegitimidade do imperialismo formal. Também defendia que os Estados Unidos não tinham interesse em seguir as práticas imperialistas européias e tinham um papel-chave a desempenhar como mediadores de disputas entre os outros Estados.” (p. 147) Apoiou a independência das Filipinas, bem como esteve pronto para defender a democracia na América Latina. “Acreditava que o comércio e a importação tinham substituído a anexação como uma preocupação maior no Estados Unidos. Se os lucros pudessem ser ganhos, então o controle formal do território não era mais necessário.” (p. 147).

Diferentemente do que fazia na América Central, não se envolveu na nos conflitos europeus da Primeira Guerra em 1914, mantendo-se inicialmente neutro e imparcial. “Enquanto os Estados Unidos pudesse continuar a comercializar sem impedimentos, agiriam como mediadores e não como participantes.” (p. 147) Contudo, quando os submarinos alemães atacaram navios americanos Wilson declarou guerra à Alemanha e seus aliados. O envolvimento norte-americano na guerra ajudou a derrotar os alemães.

“A fama de Wilson como internacionalista liberal [idealista] se baseia na grande visão que possuía do estabelecimento da paz na Europa ao final da guerra, assim como seu papel em auxiliar a Liga das Nações a promover a segurança coletiva e evitar que outra guerra acontecesse.” (p. 148) Para isso, participou da conferência de Versalhes, onde expôs seus Catorze Pontos, uma série de princípios e propostas visão a reestruturação mundial no pós-guerra.

Apesar de seu empenho, seus Catorze pontos não foram totalmente respeitados – sendo mais rígidos ou flexíveis conforme o lado da guerra que os país tomaram – e, mesmo firmando um acordo internacional para o implementação da Liga das Nações suas idéias não foram totalmente eficazes. Além disso, a Liga possuía várias falhas e não pode, mesmo com a aprovação de Wilson, ser estabelecida a seu contento.

Era um ente modesto. Não havia um espírito de conjunto e as decisões tomadas não evitavam, mas adiavam a guerra. Assim, esta organização mostrou-se inadequada para assegurar a paz.

Devido à fragilidade da Liga, “Wilson se convenceu de que somente se os Estados Unidos entrassem para a Liga é que ela poderia ter esperanças de influenciar no futuro as relações internacionais de forma consistente e com ideais liberais”(p. 150). Não obstante, o senado americano não aprovou a entrada do país nesta organização devido ao artigo 10 do Pacto da Liga, que obrigava os Estados membros a respeitar e preservar a integridade territorial dos outros países.

Assim, sua filosofia e a Liga das nações não vingaram. Wilson buscava um apoio popular que não veio e, pelo contrário, transformou o termo “wilsonismo” em uma ofensa. Sua idéia foi tão mal aceita que seu partido (democrata) sofreu grandes derrotas no pleito de 1920. Apesar disso, “recebeu o prêmio Nobel da Paz pelos esforços na busca do estabelecimento de uma política justa para a Grande Guerra e por fundar a Liga das Nações”. (p. 151)

O idealismo não rendeu os frutos que esperava. Sua visão um tanto utópica não foi bem aceita pelos políticos mundiais, sendo deixada de lado. Somente no pós Guerra Fria ressurgiu com a Nova Ordem Mundial. Contudo, assim como a sua antecessora – na década de 20 – este novo idealsmo também fracassou.

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Como citar e referenciar este artigo:
AMPAS,. O Idealismo de Woodrow Wilson. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/resumos/relacoes-internacionais/oidea/ Acesso em: 29 mar. 2024