Voz da experiência

O Município e a Alfabetização Universal

Oito de setembro é o Dia Mundial da Alfabetização.

Vinte de setembro é o Dia do Funcionário Municipal.

Celebrar o Dia Mundial da Alfabetização e o Dia do Funcionário Municipal, no mesmo mês, é uma benfazeja coincidência de datas porque cabe ao Município,
mais que aos Estados e à União, a grande responsabilidade de  alfabetizar a totalidade do povo. Alfabetizar a população in totum, e não apenas uma
fração, é a mensagem e a convocação do Dia Mundial da Alfabetização. Que glória para um município levantar este troféu: “neste pedaço de chão
brasileiro não temos um único analfabeto”.

Todo Município tem Prefeito e Vereadores. Mas sem o trabalho dos Funcionários Municipais nenhuma administração consegue funcionar.

A cidadania é exercida em nível nacional, estadual e municipal.

Não obstante a importância do exercício da cidadania, em plano nacional, é sobretudo no âmbito das relações mais próximas da pessoa que se efetiva a
cidadania.

A Cidadania começa nos municípios. Antes de ser um cidadão brasileiro consciente (ou uma cidadã brasileira consciente), a pessoa tem de ser um munícipe
consciente.

Prefeitos, Vereadores, Funcionários Municipais têm contato diuturno com o povo, bem mais que titulares de funções públicas no plano estadual ou
federal.

O povo pode exercer pressão direta sobre o poder público municipal. É muito mais fácil fiscalizar os agentes públicos no plano municipal do que no
plano estadual ou federal.

O Poder Executivo, no plano municipal, é exercido pelo Prefeito. Ao eleger o Prefeito Municipal, o eleitorado escolhe também o Vice-Prefeito.

O Poder Legislativo Municipal é exercido pelas Câmaras Municipais que são compostas de Vereadores escolhidos pelo eleitorado local.

O Município não tem Poder Judiciário. Os Juízes de Direito, que atuam nas comarcas, fazem parte do Poder Judiciário Estadual.

Frequentemente o povo não presta muita atenção em quem é o vice, tanto nas eleições municipais, quanto nas estaduais e federais. Entretanto, é muito
importante saber sempre em quem estamos votando para vice, não apenas porque o vice é o substituto constitucional do titular do cargo, como também
porque o vice tem sempre muita influência no governo.

Se muitos eleitores não ficam atentos no voto para vice, menos atenção ainda dedicam a seu voto para a pessoa que estão escolhendo para o exercício da
vereança.

Esta desatenção é grave e deve ser evitada com empenho.

O sistema de eleição dos Vereadores é semelhante ao dos deputados. É o sistema proporcional, que é diferente do sistema majoritário.

O sistema majoritário é adotado nas eleições para Presidente, Governador, Prefeito e Senador. Ou seja, ganha o candidato que tiver mais voto. Se o
eleitor vota para Fulano ou Beltrano para Governador, o voto é contado apenas para aquele candidato e o assunto está encerrado.

No sistema proporcional a conversa é outra. O eleitor vota no vereador, deputado estadual e deputado federal que escolheu e vota também no partido
daquele candidato. O voto no candidato e no partido é inseparável.

O aperfeiçoamento da Democracia exige, a meu ver, duas grandes empreitadas, dentre outras: a) um maciço esforço de educação do povo brasileiro; b) o
fortalecimento dos Municípios, o aprimoramento da vida política municipal.

* João Baptista Herkenhoff é professor pesquisador da Faculdade Estácio de Sá do Espírito Santo e escritor. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage:
www.jbherkenhoff.com.br Autor de Dilemas de um juiz – a aventura obrigatória (GZ Editora, Rio de Janeiro).

Como citar e referenciar este artigo:
HERKENHOFF, João Baptista. O Município e a Alfabetização Universal. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/voz-da-experiencia/o-municipio-e-a-alfabetizacao-universal/ Acesso em: 29 mar. 2024