A educação atual desenvolve o intelecto e as habilidades, mas faz muito pouco para desenvolver boas qualidades. De que vale todo o conhecimento neste mundo, se o indivíduo não tem um bom caráter? É como a água que escoa pelo cano. Não há utilidade se o conhecimento cresce enquanto os desejos se multiplicam. Isto torna o indivíduo um herói nas palavras, mas um zero nas ações.
(SATHYA SAI BABA, discurso proferido em 20-1-1986)
Há quem ache as reflexões sobre Moralidade um dos assuntos mais tediosos e desagradáveis que se possa imaginar. Para eles, qualquer tema (até a Pornografia) é aceitável se comparado àqueles que induzem à responsabilidade dos indivíduos pela sua forma de pensar e agir. Nem sempre são imorais, mas costumam ser amorais.
As palavras acima de SATHYA SAI BABA são de uma pertinência extraordinária para caracterizar as pessoas dotadas de muita intelectualidade e habilidades, mas com uma escassez chocante de boas qualidades morais, de bom caráter.
Apresentam, muitas vezes, vasto currículo, titulações, diplomas, certificados, honrarias recebidas, mas são dominadas por uma ambição insaciável. Seu desejo de poder se multiplica à medida que novas conquistas são alcançadas. E, na conquista do poder, o maquiavelismo é o caminho mais curto…
São dos muitos “heróis de fachada”, que brilham enquanto forjam sempre novas ocasiões para estarem em evidência, mas, geralmente, são condenados ao olvido das gerações futuras, porque, com sua morte, acaba o combustível da astúcia para mantê-los na vitrine da Fama.
Agem pouco, ou até muito, mas visando sobretudo seus próprios interesses. O idealismo que ostentam é mera aparência para pleitearem posições mais importantes.
A vida desses indivíduos é um movimento constante de poeira e fumaça, que empana a visão alheia. Assumem postos que não merecem, tentam impedir que os realmente capacitados concretizem a obra do Progresso e parecem borboletas inquietas, simplesmente voando de um lado e para outro sem nenhuma utilidade para os demais…
São pessoas que se transformam em grandes valores de Coisa Nenhuma, egocêntricas e inquietas, Narcisos, que dão um grande alívio a todos quando se retiram de cena e, somente assim, o Progresso começa a fluir mais forte.
O mundo jurídico (como todas as áreas da atividade humana) também tem homens e mulheres desse tipo.
Lançam teses que embaraçam o aperfeiçoamento do Direito, tudo fazendo por mais cinco minutos de evidência na Mídia. Querem ser “celebridades” e agem maliciosamente, com segundas intenções. Não atendem bem as populações, que necessitam de soluções objetivas para seus problemas emergenciais. Não enxergam a pobreza da maioria do povo, que cobra a atenção das elites para sair da miséria intelectual, moral e social. Apenas debatem, discutem e fazem discursos principalmente defronte dos holofotes da Mídia…
Aí a explicação para muitas divergências do momento, gerando o descrédito sobre o Direito e a Justiça.
A carapuça cabe perfeitamente em alguns “grandes” de hoje.
Comentário:
Edson Areias disse… Luís Guilherme em seu artigo “Heróis nas palavras…”espelha o que a grande maioria dos operadores constata no dia a dia.
Realmente sobejam os que esgrimem lindas palavras mas cujas atitudes desservem o Direito.
24 de Agosto de 2008 11:13.
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).