Sociedade

Para Entender o Brasil

 

O Brasil é um país diferente. Apesar de dotado de recursos materiais favoráveis, mesmo assim, a quase totalidade do nosso povo padece problemas graves, decorrência natural da deficiência de instrução.

 

Pode-se dizer que o povo brasileiro de verdade são os indígenas. Os brancos e negros que vieram depois não se integraram totalmente aos índios e não ajudaram na formação de um pretenso “povo brasileiro”.

 

Não formamos uma verdadeira nacionalidade. Admiramos (e invejamos) demais os estrangeiros, sobretudo, a Europa e a Ásia e desprezamos os valores e méritos do nosso país.

 

Todavia, sem menosprezar os outros países, aqui é a única pátria em que os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade são aplicados em grande escala. Esse ideal, apesar de idealizado pelos franceses mais eminentes e confirmado pela ONU posteriormente, ainda é tratado como fantasia de sonhadores pela quase unanimidade dos povos.

 

Aqui fermenta a Liberdade, apesar de um ou outro período de ditadura.

 

A Igualdade vem sendo construída no dia-a-dia das pessoas e comunidades, mesmo que as leis se mantenham indiferentes e retrógradas.

 

A Fraternidade, suprema realização do ser humano, consolida-se graças ao impulso espontâneo de colaboração entre as pessoas, sem se questionar se o outro é nativo ou estrangeiro, branco ou negro, rico ou pobre, letrado ou analfabeto…

 

Nós, brasileiros, devemos assumir nossa virtude mais importante, que é a de exemplificadores desse ideário. Todo o restante da humanidade se constitui de nossos alunos nessa matéria. Quem observa bem verifica que somos os mais livres, igualitários e fraternos do mundo.

 

Então, por que menosprezarmos essas virtudes e querermos trocá-las pela tecnologia de uns e pela prepotência de outros?

 

Enquanto uns declaram guerras por motivos civis ou religiosos, e, com justificativas absurdas, matam crianças e mulheres indefesas, nós vivemos em paz relativa, apesar da violência urbana; enquanto outros escravizam povos inteiros através da exploração econômica, nós negociamos com todos que queiram negociar conosco; enquanto outros tantos impedem o exercício de credos religiosos e até a liberdade de não ter credo algum, nós permitimos naturalmente a crença e a descrença; enquanto que uns tantos vivem inchados de orgulho de sua história e cheios de desprezo pelos demais, nós não padecemos de orgulho racial ou nacional; enquanto a maioria tem horror aos estrangeiros e os maltrata, nós os recebemos de braços abertos e nos transformamos em sua nova pátria.

 

Viva o Brasil, terra abençoada, na qual nascemos graças a Deus!

 

Obrigado, país maravilhoso, que nos permite o contato com a Natureza mais pujante, o céu mais azul, essa imensa quantidade de rios e cursos d’água, a simplicidade tranqüilizadora dos campos imensos e das matas sem fim.

 

Obrigado aos antigos possuidores dessas belezas sem conta – os índios – que, com sua ingenuidade e pureza, aos poucos as foram perdendo para nós, brancos cheios de empáfia e desamor à terra que vamos destruindo com nossa incúria.

 

 

* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. Para Entender o Brasil. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/para-entender-o-brasil/ Acesso em: 29 mar. 2024