Sociedade

A História se Repete

 

 

Com uma investida apenas, o homem criado por Deus, à sua imagem e semelhança, sucumbiu à tentação de ser como seu próprio Criador. Não se deu bem, advieram-lhe perdas e conseqüências que continuam surpreendendo-o cada vez que emergem.

 

Neste mundo, como se diz, tudo que estava por ser descoberto, já foi. Através da ciência, os homens dominaram técnicas e os mistérios do espaço sideral. Por último, não só com aparelhos, pela globalização, encurtaram distâncias. Transpõem-nas em horas apenas. Captam-se momentos exatos em que algo acontece, curam-se males como antes nem sequer se pensou, enfim, ninguém mais pode ter dúvida de que à imagem e semelhança de Deus, é que este homem foi criado, pouco menos que um Anjo e revestido de toda grandeza.(Heb 2, 7).

 

Entre os grandes avanços ou conquistas, neste tempo, como nunca, enfatiza-se o se saber que no corpo humano debilitado, ainda podem ser encontradas células capazes de revigorar os tecidos destruídos, envelhecidos, ou que, por qualquer circunstância, deixam de cumprir ali, o seu papel. São as células tronco.

 

Chamam-se células tronco, segundo Miguel Beccar Varela, “células não diferenciadas que se encontram no embrião humano e também no corpo do homem adulto. Distinguem-se dos outros tipos de células por duas características importantes. São capazes de se reproduzir mediante divisão celular por longos períodos do tempo e sob certas condições fisiológicas, podem ser induzidas a se transformar em outras, com funções específicas, tais como, células musculares cardíacas, nervosas, pancreáticas, produtoras de insulina, etc. Denominam-se “tronco” porque, a semelhança do tronco de uma árvore, se ramificam e se dividem em vários galhos ou espécies de células”.

 

Todas as coisas devem estar orientadas para a pessoa, para que ela viva melhor e seja feliz como é o próprio Deus a querer. Mas a cobiça humana e a sede irrefreada de tirar proveito indevido de tudo mantêm-se absolutamente dispostas a prescindir da moral ou de qualquer componente que integre a dignidade, contanto que obtenha lucro, o mais expressivo que puder. Daí é que, relativiza-se a dignidade humana e mesmo o projeto de um Deus que “amou tanto o mundo a ponto de enviar seu Filho Unigênito para salvá-lo”. (Jo 3,16).

 

Como as células tronco, como sobredito, são encontradas no embrião humano, revelando-se pela sua originalidade em muito mais que boas, em ótimas perspectivas de consecução de resultados, a insensatez proclamou: “à multiplicação quanto mais possível delas, fertilizar “in vitro” passe ser a meta e finalmente, o homem será imortal”.

 

Antes de tudo, vidros jamais substituirão o útero humano, o ventre de uma mulher. Onde quer que os gametas se inteirem, surge uma vida. A lei de Deus e dos homens, quando proclamam os direitos da pessoa, começam por proclamar o direito à vida. Quem destrói uma vida, criminoso é!

 

Com razão, a Igreja, Mãe e Mestra da verdade, nunca se calou, jamais se calará. Continua posicionando-se contra toda e qualquer forma artificial de intervenção na vida. Não pode aceitar que a fecundação embrionária seja ação de laboratório, quanto mais que se disponha da sublimidade de um corpo, qualquer que seja a fase em que se encontre, para destinação outra que não seja a plenitude.

 

Diversamente, a ganância que tudo pretende, infiltrada onde mesmo sequer se possa imaginar, (ab)usa dos meios de comunicação social através dos quais manipula consciências e faz surgir conceitos absolutamente distorcidos do projeto do Criador, ao mesmo tempo em que afirma com todas as letras, “feto não é gente”.

 

Alerte-se que a mídia, como nunca, está munida de maximização tecnológica. É capaz de intensificar o brilho e as cores dos elementos que revestem o ambiente onde um comunicador treinado pode chegar ao ponto de hipnotizar inconscientemente, quem o ouve, e a verdade é distorcida e nossa incauta gente bebendo de fonte impura, distancia-se da VERDADE que só o Evangelho ensina.

 

Convertamo-nos a ética, por amor a vida, ou não estranhemos a cada constatação do quanto se tornam ainda mais sinuosos, os caminhos que percorremos através dos nossos tantos vales de lágrima.

 

 

* Marlusse Pestana Daher, Promotora de Justiça, Ex-Dirigente do Centro de Apoio do Meio Ambiente do Ministério Público do ES; membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, Conselheira da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória – ES, Produtora e apresentadora do Programa “Cinco Minutos com Maria” na Rádio América de Vitória – ES; escritora e poetisa, Especialista em Direito Penal e Processual Penal, em Direito Civil e Processual Civil, Mestra em Direitos e Garantias Fundamentais.

 

Como citar e referenciar este artigo:
DAHER, Marlusse Pestana. A História se Repete. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/a-historia-se-repete/ Acesso em: 28 mar. 2024