Sociedade

Viva a liberdade de expressão e de pensamento entre os partidos políticos

Resumo: Desde que o PT assumiu a cadeira da Presidência da República, e em seu auge – primeiro mandato do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva -, as ofensas aos petistas, e a quaisquer pessoas simpatizantes ao PT, não pararam de serem promanadas pelos antiPT.  Não é de desconsiderar que parlatórios se disseminaram nas redes sociais, blogs e sites, nas conversas de bares, sobre o perigo do PT no poder.

Palavras-chave: Partidos Políticos; liberdade de pensamento; liberdade de expressão; democracia; garantias fundamentais; direitos humanos.

Abstract: Since the PT assumed the Chair of the Presidency of the Republic, and at its peak – first term of former President of the Republic, Luiz Inácio Lula da Silva-, the offenses to the PT, and any people to sympathizers PT, did not stop being promanadas by antiPT.  It’s not to disregard that parlors spread in social networks, blogs and sites, in conversations of bars, about the danger of the PT in power..

Keywords: Political Parties; freedom of thought; freedom of expression; democracy; fundamental guarantees; human rights.

Sumário: Introdução; I – Desigualdade social arquitetada; II – Qual a identidade do povo brasileiro?; III – Quimeras discursivas; IV – Conclusão.

Introdução

As premissas [antiPT], na época, eram mais pelo medo de o Brasil se tornar um país sem liberdades públicas, estas incrustadas no corpo da CF/1988. Não obstante, o que causou mal-estar mesmo fora a possibilidade de que a estratificação social “indesejada” [negros, nordestinos, índios] tivesse ascensão social, fato o qual se tornou histórico, e a ecoar na eternidade, em nosso país, doa a quem doer.[1]

Conquanto, tais avanços, diante das potencialidades produtivas no Brasil,[2] não encontrou fácil caminho para tornar nosso país em terra humanística. As altas desigualdades sociais se devem ao “passivo histórico”, [3] porém, o que mais impede a ascensão social dos párias é a mentalidade secular da elite, a discriminatória. Ora, o que impede a ascensão dos párias, senão políticas pífias. Além disso, o maior peguilho sistemático em nosso país são os crimes cometidos contra a Administração Pública – corrupção ativa e passiva, peculato, concussão, Lei 8.429/1992.

I – Desigualdade social arquitetada

O esmero na desigualdade social em nosso país se deve ao fato obstativo da concepção teórica “superior e inferior”.[4] E dizer que não existe discriminações limitadoras ao desenvolvimento porfioso aos direitos humanos é sofisma. O Supremo tribunal Federal, como cavaleiro guardião da Constituição Federal de 1988, em diversos Recursos Extraordinários, vem assegurando a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa em nosso país. Sem tais liberdades, inerentes e basilares a democracia, ainda teríamos as pérfidas “informações” de que o Brasil é um país formado por pessoas – não importando a estratificação social, as condições sexual, étnica e religiosa – humanistas em suas almas. Não podemos esquecer de que tais liberdades atuais asseguraram ao povo brasileiro, de norte a sul, de leste a oeste, ao conhecimento verídico do que seja o Brasil. Um país de complexidades psíquicas a identidade cultural – qual a cultura real brasileira?

II – Qual a identidade do povo brasileiro?

Somos um povo sem identidade, pois somos miscigenados, a qual se possa, peremptoriamente, “confirmar” a pureza étnica, cultural. Sem identidade, os brasileiros se digladiam ao calor de acusações desconexas. Sim, somos um povo com complexo de inferioridade. E cada qual busca um diferencial, um porto seguro, o qual possa bradar “Sou!”.

“Sou negro!”, “Sou branco!”, “Sou índio”, “Sou mameluco!”; “Sou da classe A!”, “Sou da classe B!”, “Sou da nova classe média!” etc.

“Sou!”. Tal termo está impregnado de inferioridade – complexo de inferioridade encerra o complexo de superioridade, ambos estão interligados – na nossa cultura. Cardápios regionais, outrora considerados de indivíduos “desiguais”, agora fazem parte dos cardápios de qualquer estratificação social, por exemplo, a feijoada. Construiu-se um mosaico, o qual de longe, reluz e encanta. De perto, a assustadora realidade: discriminações. Ao olhar mais atento, perseguições partidárias [direita e esquerda], religiosas [espírita, evangélica, católica etc.], sexuais [homem e mulher], à forma de se comportar mesmo que pertença ao mesmo grupo [partido, religião, sexual etc.]. A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, na efervescência das garantias fundamentais e dos direitos humanos, desnudaram a hipocrisia brasileira, a de um povo amistoso, complacente, humanístico.

III – Quimeras discursivas

Na guerra das concepções teóricas, por exemplo, PSDB e PT usam das liberdades [expressão e imprensa] para se defenderem e se atacarem. Na esteira da discórdia, seguidores, ávidos por notícias reveladoras e comprometedoras, não param de ler as últimas notícias disponibilizadas pelos agregadores “Web syndication”. Bandeiras tremulam, gestos, vozes e olhares se lançam aos “inimigos”.

“A raiz da crise atual foi plantada bem antes da eleição da atual presidente. Os enganos e desvios começaram já no governo Lula. O que a realidade está mostrando é que nunca antes neste país se errou tanto nem se roubou tanto em nome de uma causa”. (Fernando Henrique Cardoso)

“Se FHC quiser falar de corrupção, precisaria contar a história de sua reeleição”. (Luiz Inácio Lula da Silva)

Corrupção, o problema dela é que não tem pai e mãe certos. Filhos sim. E os filhos se perpetuaram ao longo dos séculos. O chamado “jeitinho” brasileiro tem custado muito caro ao povo. Os párias vivem muito mal, as elites vivem também mal. Nenhum tem a garantia de que terá qualidade de vida [plena]. Instalou-se nas entranhas de cada brasileiro que qualidade de vida é ter dinheiro, muito dinheiro. Qualidade de vida, no Brasil, não existe, mesmo para os elitizados:

·         Sessenta por cento do esgoto, no Brasil, não é tratado, ou seja, os banhistas que se cuidem no verão, pois nadaram nos coliformes fecais, as donas de casa que comprem bastante anti-helmíntico.

·         Setenta por cento dos alimentos in natura estão contaminados por agrotóxicos altamente cancerígenos; [5]

·         A corrupção no Brasil consome vidas humanas, corrói os pilares da democracia, das instituições públicas. [6]

Eis alguns dos vários empecilhos ao bem-estar do povo brasileiro.

IV – Conclusão

Enquanto nossos partidos ficam discursando quem não causou maiores problemas aos detentores de direitos [art. 1º, parágrafo único, da CF/1988], e enquanto filiados nos cargos políticos ganham substanciais subsídios e vantagens, o povo come o pão que o diabo não quer. É o resto do resto, que é prestado [serviços públicos], assegurado [piso salarial nacional ou regional], permitido [controle na liberdade de expressão e de imprensa] aos detentores de poder.

Na panaceia da “verdade”, dos discursos calorosos para defender os próprios partidos, os feitos “grandiosos” são propalados, mas nada se concretiza efetivamente em nosso país. O Brasil continua com sua [abissal] desigualdade social, mergulhado nos coliformes fecais – “Alô, Olimpíadas”! -, com malandragens sofisticadas de induções e persuasões através de “robôs” [7], com a existência de subnutridos numa das maiores potências econômicas e produtoras de grãos, com os conflitos diuturnos entre policiais e narcotraficantes – que é um “Estado” dentro de outro Estado -, com a sofisticação da corrupção entre agentes políticos e empresas privadas prestadoras de serviços públicos.

São tantos os problemas reais, muitos discursos e muito “pão é circo” para o povo, sem que os problemas reais encontrem planos concretos capazes de tornar o Brasil solo formoso, retumbante aos direitos humanos.

Ah! Tanto eu, quanto demais jornalistas, diplomados ou não, esperamos que as autoridades públicas, junto com sindicatos de jornalistas, depois, não venham com projetos de leis para cercear a liberdade de expressão e a liberdade de pensamento. Serão as liberdades, somente direitos dos partidos políticos e das corporações privadas quando na defesa de seus interesses? Se assim for, não restarão mais dúvidas de que a Carta Política, de 1988, é democrática, mas as condições impostas são autoritárias.

Fiat Lux!

Notas:

1 – Representante do UNICEF destaca os avanços sociais do Brasil nos últimos anos. Disponível em: < http://www.unicef.org/brazil/pt/media_20130.htm >.

2 – BBC. Brasil ‘decola’, diz capa da revista ‘The Economist’. Disponível em: < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/11/091112_economist_rc>.

3 – BBB. ‘Passivo histórico’ ainda limita avanços sociais no Brasil. Disponível em: < http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130312_brasil_idh_pai >.

4 – PEREIRA, Sérgio Henrique da S.Diploma, etnia, morfologia, sexualidade. A “arquitetura da discriminação” e os direitos humanos.JusBrasil. Disponível em:<  http://transitoescola.jusbrasil.com.br/artigos/169254233/diploma-etnia-morfologia-sexualidade-a-arquitetura-da-discriminacao-e-os-direitos-humanos>.

5 – El PAÍS. O “alarmante” uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos alimentos. Disponível em: < http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/politica/1430321822_851653.html >.

6 – FIESP. Relatório Corrupção: custos econômicos e propostas de combate. Disponível em: < http://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=2021 >.

7 – ARAGÃO, Alexandre. Punir uso de robô na web requer leis mais claras. Observatório da Imprensa, 31/03/2015 na edição 844. Disponível em: < http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/_ed844_punir_uso_de_robo_na_web_requer_leis_mais_claras/ >.

 

 

Sérgio Henrique da Silva Pereira: jornalista (35.414 – RJ), educador, produtor, articulista, palestrante, colunista. Articulista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), ABJ (Associação Brasileira dos Jornalistas), Conteúdo Jurídico, Editora JC, E-gov UFRS, Fenai/Faibra (Federação Nacional da Imprensa), Investidura – Portal Jurídico, JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Observatório da Imprensa.

Como citar e referenciar este artigo:
PEREIRA, Sérgio Henrique S.. Viva a liberdade de expressão e de pensamento entre os partidos políticos. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2015. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/viva-a-liberdade-de-expressao-e-de-pensamento-entre-os-partidos-politicos/ Acesso em: 25 abr. 2024