Sociedade

Um pequeno tributo a João Ubaldo Ribeiro

Um pequeno tributo a João Ubaldo Ribeiro[1]

Hoje, 23 de janeiro de 2015, coincidentemente, estou na Ilha de Itaparica.

Hoje, se estivesse vivo, João Ubaldo Ribeiro comemoraria o seu aniversário e pela manhã acordaria com dezenas de fogos de artifício, como todo ano ocorria nesta data, em sua homenagem.

Ele estaria aqui, em algum boteco, com seus amigos, existentes e fictícios.

Ele faz uma tremenda falta ao Brasil, pois poucos tinham a compreensão deste País como ele.

Acordei sem os fogos e sem a presença de João Ubaldo. “Viva o Povo Brasileiro”, “Sargento Getúlio”!

Aqui ele nasceu no dia 23 de janeiro de 1941. Morreu no Rio de Janeiro, em 18 de julho de 2014.

Escritor, jornalista, roteirista e professor, formado em Direito e membro da Academia Brasileira de Letras.

Em 2008 ganhou o Prêmio Camões, certamente a maior premiação para autores de língua portuguesa.

Algumas de suas obras foram (bem ou mal) adaptadas para a televisão e para o cinema. Seu livro Sargento Getúlio tornou-se um filme premiado em 1983, dirigido por Hermano Penna e protagonizado por Lima Duarte (Sargento Getúlio (filme));Quando voltou a residir no Rio de Janeiro em 1991, voltando do exterior, seu romance O sorriso do Lagarto foi adaptado para uma minissérie na Rede Globo (O Sorriso do Lagarto), tendo como protagonistas os atores Tony Ramos, Maitê Proença e José Lewgoy; em 1993 adaptou O santo que não acreditava em Deus para a série Caso Especial, da Rede Globo, que teve Lima Duarte no papel principal; em 1997, ano em que foi internado devido às dores de cabeça, o cineasta Cacá Diegues comprou os direitos de filmagem do livro Já podeis da pátria filhos, embora o filme não tenha sido produzido; em 1998, vendeu os direitos autorais de Viva o povo brasileiro para o cineasta André Luis Oliveira; no ano seguinte, juntamente com Cacá Diegues, escreveu o roteiro de Deus é Brasileiro, em cima de seu conto O santo que não acreditava em Deus.

Quando escreveu A Casa dos Budas Ditosos, causou polêmica e ficou proibida a sua venda em alguns estabelecimentos. Quando escreveu a sua obra prima, Viva o Povo Brasileiro, destacou-se como samba-enredo pela escola de sambaImpério da Tijuca, no Carnaval de 1987. Em ambos, expressa com bastante vivacidade e imaginação exuberante aspectos políticos e sociais da vida nordestina e brasileira.

Seu pai, o meu Professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Salvador, Professor Manoel Ribeiro, incentivou-o a ler autores como Padre Antônio Vieira, Padre Manuel Bernardes, Shakespeare, Homero, Miguel de Cervantes, Machado de Assis e José de Alencar, dentre outros, que o influenciaram desde a tenra idade.

Partiu, em 1964, para os Estados Unidos com uma bolsa de estudos concedida pelo governo daquele país para fazer seu mestrado em Ciência Política na Universidade do Sul da Califórnia. Na sua ausência, teve até sua fotografia divulgada pela televisão baiana, encimada com a palavra Procura-se.

Em 1957 estreou no jornalismo, trabalhando como repórter no Jornal da Bahia, sendo depois transferido para a Tribuna da Bahia, onde chegaria a exercer o posto de editor-chefe. Editou, juntamente com outro gênio baiano, Glauber Rocha, revistas e jornais culturais e participou do movimento estudantil (1958). Foi colaborador dos jornais O Globo, Frankfurter Rundschau (na Alemanha), Jornal da Bahia, Die Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), O Estado de São Paulo, A Tarde e muitos outros, exteriores e nacionais.

Passou boa parte de sua vida no exterior, em países como nos Estados Unidos (como estudante e, posteriormente, como professor convidado), em Portugal (editando em parceria com o jornalista Tarso de Castro a revista Careta) e na Alemanha (publicando crônicas semanais para o jornal Frankfurter Rundschau, além de produzir peças para o rádio).

Voltou ao Brasil em 1965 e começou a lecionar Ciências Políticas na Universidade Federal da Bahia. Ali permaneceu por seis anos, mas desistiu da carreira acadêmica e retornou ao jornalismo.

Enveredou-se pela literatura infanto-juvenil com o livro Vida e paixão de Pandonar, o cruel. Sua segunda experiência na literatura infanto-juvenil apresenta-se em 1990 com o livro A Vingança de Charles Tiburone.

Foi detentor da cátedra de Poetikdozentur (Docente em poesia) na Universidade de Tübigen, Alemanha. Tinha um estilo literário basicamente traçado pela ironia e pelo contexto social do Brasil, abrangendo também cultura portuguesa e cultura africana.

Morreu na madrugada do dia 18 de julho de 2014 em sua casa, no bairro do Leblon, na cidade do Rio de Janeiro. Ubaldo sofreu uma embolia pulmonar.



[1] Rômulo de Andrade Moreira é Procurador de Justiça na Bahia. Foi Assessor Especial do Procurador-Geral de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais. Ex- Procurador da Fazenda Estadual. Professor de Direito Processual Penal da Universidade Salvador-UNIFACS, na graduação e na pós-graduação (Especialização em Direito Processual Penal e Penal e Direito Público). É Coordenador do Curso de Especialização em Direito Penal e Processual Penal da UNIFACS. Pós-graduado, lato sensu, pelaUniversidade de Salamanca/Espanha (Direito Processual Penal). EspecialistaemProcessopelaUniversidade Salvador-UNIFACS (Curso coordenado peloProfessor J. J. Calmon de Passos). Membro da Association Internationale de Droit Penal, da AssociaçãoBrasileira de Professores de CiênciasPenais e do InstitutoBrasileiro de Direito Processual. Associado ao InstitutoBrasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim e ao MovimentoMinistérioPúblicoDemocrático. Integrante, por duas vezes consecutivas, de bancas examinadoras de concursopúblicoparaingresso na carreira do MinistérioPúblico do Estado da Bahia. Professor convidado dos cursos de pós-graduação da Fundação Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, do Curso JusPodivm e do Curso IELF. Autor das obras “Direito Processual Penal”, “Comentários à Lei Maria da Penha” (em co-autoria) e “Juizados Especiais Criminais”– Editora JusPodivm, 2008, além de organizador e coordenador do livro “Leituras Complementares de Direito Processual Penal”, Editora JusPodivm, 2008. Participante em várias obras coletivas. Palestrante em diversos eventos realizados na Bahia e no Brasil.

Como citar e referenciar este artigo:
MOREIRA, Rômulo de Andrade. Um pequeno tributo a João Ubaldo Ribeiro. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2015. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/um-pequeno-tributo-a-joao-ubaldo-ribeiro/ Acesso em: 29 mar. 2024