Quando ainda jovem tinha
dificuldades com as cores, foi então que descobri que era daltônico. O que é
daltonismo? Segundo o químico John Dalton (daí o nome daltonismo), há
“incapacidade de distinção correta entre as cores verde e vermelha, este
problema é resultado de uma alteração congênita, ou seja, a pessoa já nasce com
ela”. “Há também casos de daltônicos que
podem perceber as tonalidades de modo distorcidas”. O que parece tão simples
para alguém se torna uma grande dificuldade para o daltônico
Por esforço e práticas
algumas cores passaram a ser decoradas por mim, embora com erros na distinção. O
azul celeste é a cor que ainda posso ver e o branco que simboliza a paz é a que
mais consigo distinguir. Como é bom poder conhecer cores e tonalidades com um
simples olhar e sem nada forçar. Mas, o meu mundo colorido é outro. Ele não
está fora, mas dentro do seu ser. Minhas cores são inúmeras, as dominei e
colori o meu mundo, identificando as cores da alma. E que cores são estas? A
cor da bondade e do amor. Caso fosse
possível pintaria o mundo da cor do céu e a humanidade do branco da paz. Quando
passo os olhos pelo mundo e o vejo se incendiando pela violência, meu coração
chora. Afinal lágrima não tem cor.
As melhores cores são as da alegria, da serenidade e da tranqüilidade. Que cor
é uma pétala de rosa? Não sei, mas é uma cor que se assemelha ao amor. Às vezes derrubamos lágrimas, mas não quer
dizer que é de tristeza, dor ou medo, mas por emoção e amor. As lágrimas
expressam os sentimentos e a manifestação pura do coração e da alma.
Expresso-me sobre as
cores, porque as vejo com “outro olhar”. Deixo de me preocupar com as cores
materiais e penetro no mundo das cores imateriais que são sublimes, cujas
tonalidades dominam a sensibilidade, a espiritualidade e o coração. Como não é
possível distinguir todas as tonalidades no mundo exterior, enxergo o outro
lado que também é colorido. Há outras cores que podem ser apreciadas não com os
olhos, mas com os sentimentos. Por isso, colori o meu mundo com os elementos
que possuo, principalmente com a lágrima, pois esta não tem cor.
Interiormente, consigo
distinguir todas as cores: o vermelho é a cor do sangue e todo cuidado é pouco,
pois esta cor pode sujar nossas vestes elegantes e manchar as nossas vidas.
Devemos buscar sempre as cores da alegria que, para alguns, deve ser vibrante
como o amarelo, para espantar qualquer tristeza. Mas, os grandes mestres dizem
que a cor da serenidade é o azul, pois trás paz e tranqüilidade. A aura humana
pode ser de muitas cores, pois expressa a positividade ou negatividade de uma
pessoa. A aura dourada mostra que é um ser iluminado e de luz. As cores escuras
podem simbolizar horror, dor, guerras e maldades. Há momentos que o espírito
chora, mas o nosso coração nos acalma. Decidi que pretendo colorir o mundo ao meu
redor, mas não utilizarei lápis de cor ou tinta, simplesmente o pincel do amor
e a cor da lágrima. De ora em diante terei apenas dores de amores, as minhas
cores preferidas.
Olavo A. de Arruda Câmara