Sociedade

Liderança Questionada – Difícil não é alcançar a liderança, mas permanecer no topo




“Lidere, siga ou saia do
caminho.”

(Ted Turner)

A cada dois anos, o mês de
outubro é marcado em nosso país pela ocorrência de eleições. Já dentro dos
muros das empresas, as eleições não têm data agendada. Elas acontecem
constantemente, em campanhas não declaradas de candidatos a cargos
hierarquicamente mais elevados. Chefes que querem se tornar supervisores, que
desejam assumir gerências, que sonham com diretorias, que pensam estar
preparados para a presidência da companhia. Acredite, seu cargo pode, neste
momento, estar sendo alvejado por terceiros, provenientes do seio da empresa ou
de fora dela. Afinal, toda liderança é situacional e transitória.

É da natureza humana postular
sempre o “mais”. Se você tem um carro popular, trabalha para adquirir um mais
completo. Se reside em um imóvel alugado, quer comprar sua casa própria. Se
ocupa um cargo operacional, tenciona uma posição estratégica e de maior
remuneração.

Analogamente, as empresas
esperam maior participação de mercado (market share), maior reputação de marca
(share of mind), maior lucratividade e rentabilidade (Ebitda). Assim, para
potencializar os resultados, acredita-se que o caminho ideal seja promover
mudanças. Neste caso, invariavelmente o atalho é trocar a liderança.

Uma pesquisa sobre os motivos
das demissões, realizada em maio de 2000 pela H2R e Right Management, a pedido
da revista Você S/A, apontou que 61% dos profissionais acreditavam que poderiam
perder seus empregos por problemas de atualização, conhecimento e habilidade
técnica ou por falta de experiência. Entretanto, 87% das organizações
declararam, naquela ocasião, demitir profissionais por causa de suas atitudes,
temperamento, falta de garra ou por problemas de relacionamento interpessoal.

Em junho de 2007 pesquisa
similar voltou a ser realizada. Desta vez, apenas 32% das organizações
informaram demitir profissionais devido às suas atitudes; porém, 29% apontaram
como principal motivo os resultados gerenciais não alcançados. De fato, o nome
do jogo é “fazer acontecer”.

Quando um time de futebol não
vai bem, o técnico é demitido e não todo o elenco. Se em uma sala de aula o
rendimento da maioria dos alunos em uma disciplina é insatisfatório, o
professor é modificado. Quando cai o número de fiéis em uma igreja, o pastor é substituído.
Se a empresa não atinge suas metas, são os líderes que pagam o pato!

A esta altura, você deve estar
se questionando sobre o que deve ser feito para defender sua posição. A
resposta está em reinventar-se. Seu maior risco é a acomodação. Acreditar que o
bom é suficiente onde o ótimo é esperado. Contentar-se com o azul da última
linha do balanço, quando a expectativa era cravar indicadores com dois dígitos.

O segredo do sucesso está em
demonstrar real interesse pelas pessoas, descobrindo o valor e potencial
individual de cada membro de sua equipe, inspirando-os e despertando-lhes a
vontade de fazer, e não de cumprir ordens.

Abraham Shashamovitz, ex-vice
presidente da Nextel, dizia que para gerenciar uma organização você utiliza os
músculos e a razão, mas para liderar de verdade deve usar também o coração.

O mais difícil não é alcançar a
liderança. É permanecer no topo. O alto da montanha é de acesso restrito,
normalmente de trajeto íngreme, repleto de armadilhas e emboscadas. Mas lembre-se:
nunca há lugar para sentar!

* Tom Coelho é educador,
conferencista e escritor com artigos publicados em 15 países. É autor de “Sete
Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela
Editora Saraiva, e coautor de outros quatro livros. Contatos através do e-mail
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e
www.setevidas.com.br.

Como citar e referenciar este artigo:
COELHO, Tom. Liderança Questionada – Difícil não é alcançar a liderança, mas permanecer no topo. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/lideranca-questionada-dificil-nao-e-alcancar-a-lideranca-mas-permanecer-no-topo/ Acesso em: 19 abr. 2024