Sociedade

O sal da terra e a luz do mundo

 

 

   Estudar a História com a preocupação simplesmente de catalogar fatos, datas e personagens se compara a tentar aprender Fisiologia utilizando não seres humanos vivos, mas sim cadáveres embalsamados.

 

            O que realmente importa é entender como se processa a evolução humana através dos tempos, que não ocorre casualmente, mas dentro de uma sequência lógica, que gera a certeza de tempos melhores.

 

            As lutas humanas vão consolidando a igualdade entre todos os cidadãos, obrigando-os indistintamente a trabalhar em função da coletividade, seja em funções menos graduadas seja em postos de comando.

 

            Nossa época é o resultado das reflexões e mudanças decorrentes da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos, das Revoluções Russa e Chinesa, das duas Guerras Mundiais, do movimento hippie e da globalização, da força do crime organizado e dos movimentos populares.

 

            Não há mais como adiar o reconhecimento da pujança do povo frente aos poderes constituídos e face às grandes fortunas.

 

            O comunismo se mostrou incapaz de consumar a igualdade forçada, enquanto que o capitalismo gerou muitas revoltas pela quase-escravização do proletariado. Ninguém mais acredita no “8 ou 80”. O que está sendo praticada, nos vários países do mundo, é a combinação das duas correntes, com maior ou menor prevalência de uma ou de outra.

 

            O Direito, quer legislado quer jurisprudencial, tem de procurar equilibrar os interesses do capital e do trabalho, das elites e do povo, dos dirigentes e dos dirigidos.

 

            A Justiça, como aplicadora do Direito, tem de se conscientizar de que não pode viver encerrada em gabinetes e longe do burburinho da vida cotidiana das empresas, dos governos e do povo. A mentalidade burocrática em nada melhora a realidade das pessoas individual e coletivamente. O que se exige é o tirocino para encontrar as soluções verdadeiras e não simples medidas paliativas.

 

            Sobretudo, o que se cobra é o verdadeiro espírito público, ou seja, o desejo de servir como pura realização do grande ideal humano de Progresso.

 

            Quando se disse: “vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” estava sendo lançado o maior desafio aos homens e mulheres idealistas, de colocar em prática todos os seus sonhos por um mundo melhor.

 

            Cada um na sua área de atuação, uns com a pena, outros com a voz, outros com a força dos braços ou a agilidade ou a força do corpo, todos que se dispõem ao ideal de trabalhar pela evolução das instituições são “o sal da terra e a luz do mundo”.

 

            O contingente de soldados desarmados forma uma irmandade espalhada por todos os continentes, que conta com adeptos mesmo nos lugares mais remotos. Sua bandeira é branca e seu uniforme tem todas as cores, representando todas as raças, credos, correntes políticas e nacionalidades.

 

 

*Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora – MG

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. O sal da terra e a luz do mundo. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/o-sal-da-terra-e-a-luz-do-mundo/ Acesso em: 25 abr. 2024