Judiciário

A Antigualha das Togas, Becas e Perucas

 

O Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) divulgou, em 18/05/2008, um informe intitulado Roupa nova – Perucas e togas de juízes britânicos serão aposentadas:

 

      Os magistrados da Inglaterra e do País de Gales não usarão mais, a partir de outubro, as perucas brancas feitas com crina de cavalo e as antiquadas togas que vestem desde o século XVIII. Mas nem todos dispensarão a vestimenta. Os juízes criminais continuarão com a peruca.

 

A respeito, consignei, no setor de Comentários, o que se segue:

 

      Nunca fui a favor de roupas especiais para juízes, advogados, membros do Ministério Público e demais operadores do Direito.

 

      No mundo moderno, onde o conteúdo deve prevalecer sobre a forma, não faz sentido pessoas vestirem-se diferentemente para desempenharem um trabalho, que é o de bem atender os cidadãos.

 

      Não há justificativa para essas pessoas se trajarem diferentemente dos demais cidadãos quando vão atendê-los.

 

      Talvez se tente imitar os sacerdotes, que se vestem com trajes imponentes quando praticam os ofícios religiosos.

 

      Sou a favor da dispensa absoluta de togas e becas e a favor do atendimento sem burocracia.

 

Achei significativo o fato dos outros três comentadores concordarem integralmente com meu entendimento.

 

Transcrevo suas palavras abaixo.

 

      A única vantagem que vejo é que o uniforme possibilita economizar com a compra de roupa para o trabalho.. Escreveu muito bem e é o que realmente importa !!! “Sou a favor da dispensa absoluta de togas e becas e a favor do atendimento sem burocracia.” (Veritas)

 

      Acho que deveriam, inclusive, acabar com o uso de paleto e gravata….neste país tropical é um absurdo o uso do terno… (Hugo)

 

      As vestes talares têm como única função diferenciar o profissional do direito dos demais mortais, como se esses fossem inferiores aos primeiros. A Justiça e as Instituições Públicas de um modo geral têm de se aproximar do povo e não se distanciar da população, que é a destinatária e a razão de ser do serviço público. Evidente que ninguém defende um juiz presidindo uma audiência de camiseta regata e calção, mas uma vestimenta sóbria e confortável (adequada ao clima brasileiro) já seria o suficiente. O respeito da população pelos agentes públicos virá muito mais das atitudes do que de suas vestes. (Delpol)

 

Em resumo, como pretendemos servir bem aos jurisdicionados, uma das primeiras coisas que devemos fazer é estarmos mais próximos deles, inclusive não nos paramentando de forma que deles nos distanciemos.

 

A naturalidade, a espontaneidade e a boa-vontade no trato com o público são dos requisitos mais importantes em qualquer área do serviço público.

 

 

* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. A Antigualha das Togas, Becas e Perucas. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/judiciario/a-antigualha-das-togas-becas-e-perucas/ Acesso em: 28 mar. 2024