JORGE ANDRÉA DOS SANTOS, no seu livro Os Insondáveis Caminhos da Vida, Ed. SEEFVL, 2001, p. 190, diz:
A luta, que já foi muscular, hoje busca uma posição psicológica, por excelência; como, também, por evolução, o homem passará da competição para a cooperação; da agressão ao entendimento; do egoísmo ao amor. Nestes parâmetros, a Evolução se irá afirmando, irá mostrando o valor do conhecimento ao lado de uma construtiva ética, para que a sabedoria possa refletir-se nas estruturas psicológicas dos seres.
Houve época na evolução da humanidade em que as pessoas desconheciam a idéia de cooperação e viam como única forma de sobrevivência a violência física e a astúcia.
A experiência, no curso dos milênios, foi mostrando que a cooperação produzia melhores resultados do que as intermináveis disputas, onde muito se ganhava mas muito se perdia.
Daí surgiram a Família, o Estado, a Legislação etc.
Se é incontestável que muito evoluímos, ainda muito falta aperfeiçoarmos as estruturas individuais e a social, até chegarmos à paz social tão sonhada…
Ainda amamos muito a competição, a agressão e o egoísmo em detrimento da cooperação, entendimento e fraternidade.
Prezamos mais o Conhecimento que a Ética.
Esse desequilíbrio tem gerado monstrengos representados pelas variadas formas de ilicitudes, principalmente as representadas nos crimes de colarinho branco, que ficam, geralmente, impunes..
Os operadores do Direito devem conhecer a psicologia humana.
Com essas noções, podem trabalhar na certeza de estar fazendo o melhor em favor das partes e do meio social.
O trabalho na Justiça sem o ideal de aperfeiçoamento das pessoas e da coletividade representa desvio ético grave.
Não é nossa função a aplicação mecânica, inconseqüente e inconsciente de dispositivos legais, que, nem sempre representam o ideal de Justiça. A Doutrina e a Jurisprudência têm a missão de corrigir as eventuais falhas do Legislador, visando a Ética, a paz social.
Sem essa Ética, que significa fé no futuro de cooperação, entendimento e fraternidade entre os seres humanos, estaremos simplesmente sofismando, fazendo jogos de palavras e criando teorias inúteis ao invés de trabalharmos pela paz social…
Por isso, nem todos os diplomados em Direito têm vocação para o Direito, como, em outras palavras, já afirmavam Rui Barbosa e Roberto Lyra…
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).