Filosofia do Direito

Goethe Define a Modernidade

26/05/2011

“Mal ordenado, feito o mal!”

Goethe, no Fausto

A mais completa e sofisticada definição do que vem a ser o que chamamos
de “modernidade”, expressão cunhada por Rousseau, foi dada por Goethe no
Fausto, à altura do verso 10.175:

“Moderno e mau! Sardanapalo!”

O verso, visto de perto, é um oximoro. Quando falamos moderno
intuitivamente ligamos a palavra ao conceito de atual, contemporâneo e, por
vezes, mesmo em alusão ao futuro, algo como avançado. Esse sentido falsificado
do termo moderno é uma das vitórias do Iluminismo, que persiste até hoje.
Lembro que em textos anteriores eu próprio defini a modernidade como um
conceito que só é compreensível em oposição ao cristianismo. Nada além. A
modernidade nega tudo que é cristão, inclusive a sua filosofia
aristotélico-tomista, seu conceito de Direito Natural indutivo, fundado na lei
natural e seu senso de hierarquia, que toma o igualitarismo moderno como uma
fraude e uma iniqüidade.

O que torna Goethe um gênio de larga envergadura e de insubornável
honestidade intelectual é que ele jamais engana seu leitor, ao menos aqueles
preparados e dignos de ler o grande poeta alemão. O segredo de sua definição
está precisamente em usar o termo Sardanapalo, nome grego para designar o rei
assírio Assurbanipal (668-626 a.C). Segundo a nota de Marcus Vinícius Mazzari,
relativa ao verso (na edição da Editora 34), antigas lendas contavam que o
referido assírio “se comprazia numa vida em meio ao luxo extremo e
extravagâncias sexuais”. Mazzari informa também que Lord Byron usou o
personagem para escrever sua tragédia Sardanapalus, que foi dedicada ao próprio
Goethe.

A extraordinária percepção do maior dos poetas alemães é que a tal
modernidade de atual e futurista nada tinha, era apena um retorno, uma
regressão aos tempos primitivos, pré-cristãos. O novo, o verdadeiramente novo
na História, é a Revelação, que tem seu cume em Cristo. O que Rousseau e seus
contemporâneos e sucessores chamaram de modernidade não passou (não passa) de
um retorno aos tempos do rei assírio pervertido.

Não podemos perder de vista que Eufórion, o filho de Fausto com Helena
(esta o duplo feminino de Mefisto), já nasceu como estuprador e suicida e, ao
morrer, suas vestes eram como pele expelida pela serpente, ao ser trocada por
uma nova. Goethe teve aguda percepção dos tempos. Sua obra continua atual, nós
que temos que lidar agora com kit-gay, gaysismo e práticas sexuais rejeitadas
pelo cristianismo. O Brasil com Lula e Dilma desembarcou com tudo na
modernidade. Sardanapalo!

* José Nivaldo
Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo.
Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um
dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos
diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação
Nacional de Livrarias.

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, José Nivaldo. Goethe Define a Modernidade. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/filosofiadodireito/goethe-define-a-modernidade/ Acesso em: 29 mar. 2024