Direito Internacional

O Gato e o Poder

A história narra que
Kublai Khan, filho de Genghis Khan, foi imperador chinês e fundador do império
mongol. Desde jovem foi treinado nas artes da guerra. Certa vez uma província
se rebelou e lhe fizeram duras críticas. Este analisou a situação, chamou o seu
filho que comandava parte do exército e ordenou: “Vá até os rebeldes, dialogue
com eles, atenda-os e coloque fim a rebelião”. O filho obedeceu e foi até os
rebeldes, não dialogou com ninguém, ordenou um ataque e todos os rebeldes foram
assassinados. Kublai Khan triste, revoltado e nervoso chamou o filho e
bronqueou: “Eu disse para dialogar com os rebeldes e não assassiná-los”. O
filho então retrucou: “Meu pai, você está muito velho para governar, eu quero a
sua cadeira (trono)”. Kublai Khan que alisava um gato em seus braços,
carinhosamente, soltou o bichano e este se alojou no trono do imperador. Então
ensinou ao filho: “Veja o meu gato ocupa meu trono todos os dias e quantas
vezes desejar, dorme ali todos os dias, mas não tem poder algum”. “É o que você quer? De nada adianta ter
cadeira e não ter poderes. Você está despreparado para o trono”.

Este exemplo se aplica a
inúmeros políticos, gerentes, chefes de empresas, de repartições públicas e em
muitos setores de qualquer administração. Há pessoas que foram elevadas a
posições de mando, mas sem qualquer liderança e não são respeitadas. O ser
humano para ser respeitado não precisa se impor, mas adquirir o respeito dos
liderados, agir corretamente em todas as situações, apontar caminhos e soluções
aos subordinados. O grande líder da Índia, Mahatma Ghandi, não tinha poder
político algum, nem qualquer cargo, mas conseguiu com a sua liderança e
respeito da população, libertar a Índia da Inglaterra sem derramar uma gota de
sangue. Quando discursava ou falava ao povo, o respeito era tão grande que os
governantes obedeciam.

O Aitolá Komeini, líder
do Irã, (embora não concordando com as suas posições), enquanto líder e exilado
na França, conseguiu através de cartas e bilhetes que enviava às Mesquitas de
Teerã, rebelar o povo e derrubar o governo da época. Liderança e respeito não
se impõem, mas se conquista. De nada adianta alguém falar: “quem manda sou eu”;
tenho poderes para isso ou para aquilo; esta cadeira é minha, etc. Quando alguém
em posição de líder, embora sem ser líder de verdade, se impõe, pode esperar o
pior. A vingança virá a qualquer
momento. É o caso do gerente que maltrata seus subordinados. De vez em quando
ordena: “traga-me um xícara de café!” O subordinado rapidamente obedece e
providencia o café, mas antes cospe na
xícara com café em repúdio e ódio ao péssimo humor do superior que o
desrespeitava sempre.

Aos políticos que
ascendem a cargos e ao poder, sinalizamos com um alerta: Prestem muita atenção
em seus subordinados, nos colegas de trabalho ou profissão, pois o poder é
efêmero e quando menos se espera “a casa cai”. Quantos casos há de líderes que ascenderam velozmente e caíram com a
mesma velocidade. É aconselhável treinar, cultivar sempre a humildade, a paciência
e respeitar o ser humano, porque somos todos iguais em dignidade e direitos.
Enfim, cargos, liderança e poder não se confundem.

Olavo A. de Arruda
Câmara

Como citar e referenciar este artigo:
CÂMARA, Olavo A. de Arruda. O Gato e o Poder. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-internacional/o-gato-e-o-poder/ Acesso em: 28 mar. 2024