Direito Internacional

O Imperialismo na África

O Imperialismo na África

 

 

Ricardo Bergamini *

 

 

 

“Nem Karl Marx inventou o comunismo, nem os norte-americanos inventaram o imperialismo colonialista” (Ricardo Bergamini).

 

 

Até fins do século XVIII, a expansão colonizadora da Europa derramou-se principalmente pelo continente americano. A colonização foi alimentada pela Revolução Comercial e teve, portanto, caráter mercantilista. Visava a enriquecer e fortalecer o Estado, mediante a obtenção de colônias: fontes de renda, pela exploração das suas riquezas e pelo regime do monopólio.

 

O colonialismo europeu mercantilista procurava, sobretudo, metais preciosos (ouro, prata) e produtos tropicais, cuja venda sustentava os exércitos das metrópoles e financiava as constantes e exaustivas guerras, provocadas pelas ambições nacionalistas na Europa.

 

No século XIX – de par com a Revolução Industrial – surgiu um novo expansionismo europeu, de cunho imperialista, que se lançou à conquista dos demais continentes, com exceção da América (defendia pela doutrina Monroe).

 

Este novo imperialismo europeu estendeu-se especialmente pela África e a Ásia. Não era apenas colonialista (do antigo tipo mercantilista): também era estratégico (militar) e econômico. Cobiçava novas fontes de matérias-primas; não ouro e especiarias, mas elementos indispensáveis à industria. E ambicionava novos mercados.

 

 

Causas do Imperialismo Colonialista

 

Necessidade de novas fontes de matérias-primas (sobretudo: ferro, cobre, petróleo, manganês, trigo, algodão) e de novos mercados (para o consumo dos produtos industriais das metrópoles); superpopulação da Europa e conseqüente necessidade de novas áreas para o excesso de habitantes. Os colonos continuariam a ser cidadãos e forneceriam contingentes humanos para os exércitos das metrópoles; necessidade de aplicação dos capitais excedentes; desejo da conquista de bases estratégicas (sobretudo para segurança do tráfico marítimo); espírito e ambições nacionalistas.

 

Fatores adjuvantes foram: os progressos da tecnologia: facilidades de comunicação (navios rápidos; telégrafo) e a refrigeração artificial; expansão de novo ciclo missionário das igrejas cristãs da Europa e da América.

 

 

Colonização Francesa

 

Em 1830, sob o reinado de Carlos X, iniciou-se a conquista da Argélia. Terminou em 1857, sob o reinado de Napoleão III. A Tunísia foi facilmente ocupada em 1881 (provocando o desagrado da Itália).

 

A conquista do Marrocos (1900-1912) deu margens à “questão marroquina” franco-alemã. A oposição da Alemanha às atividades colonialista da França, no Marrocos, provocou dois graves incidentes, que quase desencadearam a guerra: o de Tânger (1905) e o de Agadir (1911). Afinal após obter concessões territoriais no Congo (Camerun), a Alemanha consentiu (1911) no protetorado francês sobre o Marrocos, o qual foi oficialmente estabelecido em 1912.

 

De 1855 a 1900, a França conquistou o Sudão (África Ocidental Francesa): Saara, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Dahomey (Daomé) e os territórios do Niger. De 1875 a 1885 apossou-se de imenso território à margem direita do Congo e do seu afluente Ubangui (África Equatoriana Francesa).

 

Em Madagáscar, a colonização francesa começou no século XVII. Mas a conquista de toda a ilha só se realizou numa campanha militar em fins do século XIX (1895-1896). A Somália francesa (em frente ao estreito de Bab el Mandeb) foi conquistada em 1888.

 

 

Colonização Inglesa

 

A Inglaterra apoderou-se, a pouco a pouco, das partes mais valiosas da África.

 

Região leste: Em 1882, estabeleceu o protetorado britânico sobre o Egito. Mais tarde realizou novas conquistas, formando um bloco unido de possessões, no leste africano: África Ocidental Britânica, hoje Quênia (1884), Rodésia (1889), Uganda (1890), Sudão Anglo-Egípcio (1898).

 

Região ocidental: Apoderou-se de Gâmbia, Serra Leoa, Costa de Ouro e Nigéria.

 

Região sul: No sul, desde a guerra com Napoleão, possuía a colônia do Cabo (arrancada aos holandeses). Em 1885, descobriram-se minas de ouro em Johannesburg (Transvaal). Pouco depois, a Inglaterra provocou a guerra contra os bôers, calvinistas de origem holandesa, agricultores, estabelecidos em duas pequenas repúblicas – Transvaal e Orange – as quais, após a vitória inglesa (1899-1902), foram ligadas às colônias do Cabo e de Natal. Todas elas, juntas, formaram em 1910 a União Sul-Africana.

 

 

Colonização Alemã

 

Tendo de realizar, primeiramente, a sua unidade nacional – a Alemanha apareceu tardiamente no cenário colonial africano. Mesmo assim, obteve o Camerun, hoje república dos Camarões (1884), e Togo (1885), no golfo da Guiné. Ainda em 1884 conquistou a África do Sudoeste, hoje fideicomisso da Onu. Em 1885 apoderou-se da África Oriental, hoje Tanzânia. A Alemanha perdeu todas as suas colônias africanas, após a Primeira Guerra Mundial.

 

 

Colonização Italiana

 

A Itália também entrou tardiamente na “corrida colonialista”. Obteve a Eritréia (1885), no Mar Vermelho, e a Somália italiana (1892), no Oceano Índico. Mas, ao tentar conquistar a Abissínia, sofreu a esmagadora derrota de Ádua (1896), às mãos dos soldados do “negus” Menelik II, o soberano etíope. Em 1911, arrebatou aos turcos a Tripolitânia e a Cirenaica, que foram reunidas sob o novo nome de Líbia.

 

 

O Congo Belga

 

O Congo é uma enorme e riquíssima região central da África. Foi, primeiramente (1885-1908), propriedade particular de Leopoldo II, rei dos belgas. Em 1908, a Coroa belga vendeu esse território à Nação. O Congo passou a ser, colônia da Bélgica.

 

 

Espanha e Portugal

 

A Espanha obteve, em 1885, pequenos territórios de reduzido valor: Rio de Oro e a Guiné espanhola. E, mais tarde (1912), um pequeno protetorado na região norte do Marrocos.

 

Portugal conservou, além da pequena Guiné portuguesa, duas vastas colônias: Angola e Moçambique.

 

 

Conclusão

 

Em fins do século XIX, a África achava-se repartida entre as diversas potências européias. Só ficavam dois Estados independentes: a Libéria (fundada em 1822, por negros norte-americanos emancipados) e a Abissínia (Etiópia).

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul..  Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

 

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Como citar e referenciar este artigo:
, Ricardo Bergamini. O Imperialismo na África. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-internacional/o-imperialismo-na-africa/ Acesso em: 29 mar. 2024