Já foram pensadas várias tecnologias para redução dos problemas do lixo domiciliar produzido na Grande Curitiba. A sua transformação em bioenergia (e outros produtos) aventou processos de reciclagem, de gaseificação, de termodestruição, de combustão, de compostagem, de pré-hidrólise, de tratamento térmico de resíduos através de plasma técnico…
Em 2006, foi criado um grupo de trabalho para sistematizar as propostas encaminhadas ao Governo Estadual. Mas ainda não encontraram a solução oficial do problema.
Atualmente, Curitiba e outros 14 municípios produzem diariamente mais 2.400 toneladas de lixo que são depositados no “Lixão da Caximba”, em Curitiba. Os problemas e ilegalidades ali gerados são tão grandes que Caximba virou caso de polícia desde que Enio Raffin e Leonardo Morelli decidiram ajudar os moradores desse bairro atingidos pelo lixo.
De 1989 até maio de 2004, o local armazenou 8 milhões de toneladas de lixo; e encerrou sua vida útil. Para viabilizar o recebimento e tratamento das 2,4 mil toneladas/dia, a Prefeitura ampliou emergencialmente o aterro em 51 mil metros quadrados, prolongando sua vida útil por mais 4 anos. Este prazo terminou no final de 2008. Aí, um TAC – Termo de Ajuste de Conduta – passou a garantir o funcionamento do local até que ele atinja a cota máxima de recebimento de lixo.
Mas não é somente o TAC que está dando sobrevida ao Lixão. Para reduzir o envio de lixo para Caximba, os municípios usam técnicas mirabolantes: criam lixões escondidos e permitem que catadores, sem qualquer proteção, ali trabalhem.
O Instituto Eco&Ação visitou 2 desses locais.
O primeiro – localizado numa área arrendada nos confins de Itaperuçu – recebe, em média, 5 caminhões de lixo por dia. Não é chamado de lixão: trata-se de uma estação de transbordo. Após a separação do material considerado reciclável (atividade realizada por 7 pessoas), os caminhões seguem para Caximba. Este trabalho insalubre rende ao grupo de catadores ali encontrados cerca de R$2.500,00 mensais.
Alguns moradores do entorno desse lixão – pequenos agricultores – estão preocupados com a poluição das águas em suas propriedades. E com o mau cheiro que são obrigados a suportar, oriundo da queima e da putrefação dos resíduos.
O outro lixão que visitamos está embargado pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná – e com previsão de multa diária de R$5.000,00 em caso de descumprimento do embargo. Mas está em plena atividade (há mais de 25 anos) há
Esta moda pegou em outras cidades, outros estados… Se todos os municípios da Grande Curitiba implantarem essa tecnologia que circula tacitamente entre os seus administradores, o lixão de Caximba poderá ficar de portas abertas até 2020, 2030…
* Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Água, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: www.ecoeacao.com.br.