Direito Ambiental

Ética no consumo: Em busca de novos paradigmas para um consumo sustentável

Sállua de Freitas Polidorio¹

Ludmila Maria de Castro²

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar as mudanças no consumo geradas após a revolução industrial, não apenas na questão da diversidade de produtos, mas, principalmente no desejo de satisfazer necessidades supérfluas. Acredita-se que o ritmo acelerado e crescente da produção associado ao consumo desnecessário, descontrolado e irracional, promoveu a degradação do meio ambiente em níveis elevadíssimos. Seguindo esse raciocínio, busca-se instrumentos que possa conciliar a necessidade de consumo trazido progresso econômico com a preservação dos recursos ambientais, fundamentais para sobrevivência dos seres vivos.

Palavras-chaves: Consumo. Meio Ambiente. Degradação.

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento proporcionado pela industrialização foi de extrema importância para sociedade, a descoberta de novas tecnologias que visam melhorar a vida da sociedade em todos os sentidos é de extrema importância para o mundo, essa tecnologia proporcionou um crescimento no consumo mundial, e por mais importante que essa mudança produzida pela industrialização seja, somos levados a acreditar que o crescimento frenético da produção de bens não duráveis, juntamente com o consumo desenfreado acarretou na destruição do meio ambiente de tal forma que compromete a própria vida na terra.

Vivemos hoje em mundo capitalista, e esse sistema econômico visa a produção e acumulação de riquezas, que são apenas mercadorias, produtos que na maioria das vezes são produzidos em larga escala, para ser comercializados. Nesse sistema o importante não é o que é justo, o que é bom, e sim o que trará maior lucro em um curto espaço de tempo. Em prol desse lucro derruba-se matas, sem observar as consequências ocorridas a longo prazo.

Será abordado a conduta que o consumidor deve adotar para se adequar ao consumo sustentável, visando o desenvolvimento sustentável, a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, para garantir um futuro digno para as próximas gerações, esclarecendo quais são os deveres da população para combater o consumo excessivo.

2. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

A responsabilidade socioambiental tem como característica agregar valores éticos voltados para a preservação do meio ambiente, com o intuito de reduzir os impactos provocados pela degradação do meio ambiente. Dessa forma espera-se que as organizações passem a adotar comportamentos que são aceitos pela coletividade, tendo um maior envolvimento com a sociedade.

Para ASHLEY (2005)

Atividades, práticas, políticas e comportamentos esperados (no sentido positivo) ou proibidos (no sentido negativo) por membros da sociedade, apesar de não-codificados em leis. Elas envolvem uma série de normas padrões ou expectativas de comportamento para atender àquilo que os diversos públicos (stakeholders) com as quais a empresa se relaciona consideram legitimo, correto, justo ou de acordo com seus direitos morais ou expectativas. (p.5)¹[1]

Apesar de saber que é necessário promover a sustentabilidade na terra, é um assunto extremamente delicado, encontrar um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e seus recursos naturais e a viabilidade política não é simples, tornando esse processo lento em contrapartida a natureza se desfaz rapidamente.

Para Pedro Roberto Jacobi:

A humanidade chegou a uma encruzilhada que exige examinar-se para tentar achar novos rumos, refletindo sobre a cultura, as crenças, os valores e os conhecimentos em que se baseia o comportamento cotidiano, assim como sobre o paradigma antropológico-social que persiste em nossas ações, no qual a educação tem um enorme peso. P(13)²[2]

A responsabilidade Socioambiental foi definida em 1998 quando o WBCSD (conselho empresarial Mundial para o desenvolvimento social), salientou que “o compromisso permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorado, simultaneamente, a qualidade de vida dos seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo”. Foi um passo importante para que a sustentabilidade passe a ser vista no dia a dia de todas empresas, influenciando assim diretamente a conduta dos funcionários dos fornecedores, trazendo para fora das empresas a responsabilidade socioambiental atingindo a população como um todo.

3. ÉTICA AMBIENTAL

O crescimento populacional, o desenvolvimento tecnológico após a revolução industrial, gerou uma sociedade consumista e individualista afetando a sustentabilidade de forma devastadora, a modernização da sociedade gerou um risco global, a população se tornou dependente do consumo, as empresas têm necessidade de produzir novos produtos para alimentar o vício do consumo, produzindo produtos descartáveis com baixa durabilidade.

Todo esse lixo industrial produzido afeta a saúde da população e do meio ambiente, esse consumo desenfreado junto com desperdício provoca um grande risco para as gerações futuras.

O individualismo do ser humano foi capaz de trazer danos imensuráveis a natureza, o pensamento ético deve ser posto em prática.

Juarez Freitas diz que:

“Existe dever ético de ser benéfico para todos os seres, no limite do possível, não apenas deixar de prejudica-los. De fato, a atitude eticamente sustentável é aquela que consiste em agir de modo tal que possa ser universalizada produção do bem-estar duradouro, no íntimo e na interação com a natureza.³[3]

A ética ambiental está diretamente ligada ao pensamento do bem comum, a coletividade, não tem espaço para individualidade no mundo ético, essa mudança no comportamento da população se mostra fundamental para o equilíbrio do homem com a natureza, buscando assim a melhor qualidade de vida para a sociedade, permitindo a sobrevivência de todas as espécies que são fundamentais para o equilíbrio de um ambienta sustentável.

Para que isso se torne realidade é necessário que tenha uma inversão de valores para a construção do bem-estar de todos, com cada cidadão cumprindo seus deveres, tendo em vista sempre o desenvolvimento de forma sustentável.

4. OS DEVERES DO CONSUMIDOR

Percebe-se que o péssimo hábito adquirido ao longo de várias décadas tornou o consumidor dependente do consumo exacerbado, e esse como qualquer outro vício deve ser deixado de lado, afinal a produção em massa de produtos desnecessários, é uma das causas do grande acumulo de resíduos tóxicos na natureza.

A educação aparece como uma luz no fim do túnel, educar o consumidor introduzindo valores éticos tornando-os conscientes dos seus deveres perante a sociedade, de forma que cada consumidor possa ter condições de observar suas escolhas coibindo os abusos, e optando sempre por produtos que não afetam o meio ambiente, de empresas responsáveis que cumprem com seus deveres socioambientais.

A ética ambiental está ligada diretamente aos deveres do consumidor, que deve optar pelo consumo consciente, evitando abuso principalmente quando falamos de recursos escassos como a água, que é vital para a sobrevivência da humanidade, evitando assim que se esgote os recursos naturais.

5 CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados ficou evidente que a busca por uma qualidade de vida melhor, está diretamente ligada a preservação do meio ambiente, percebemos que a educação é fundamental para que ocorra essa mudança no comportamento da sociedade de modo geral.

É preciso que toda a sociedade se comprometa, e busque meios que proteja a vida na terra, entendemos que a sociedade de consumo que se encontra enraizada na mente da população, são atos automáticos, o desejo do consumo deve ser contido para que os recursos naturais se renovem.

É imprescindível que todos se conscientizem de que a mudança no comportamento é vital para a sobrevivência de todas as espécies, é dever do consumidor conhecer seus deveres para consumir de forma sustentável, permitindo dessa forma que a natureza consiga se renovar e proteger o futuro de todas as espécies.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASHLEY, Juarez. Sustentabilidade Direito ao Futuro. Belo Horizonte: Editora Fórum,2011,p.58

JACOBI, Pedro Roberto Água e sustentabilidade: desafios, perspectivas e soluções- São Paulo: IEE-USP e Reconectta, 2017 1° edição.

FREITAS, Juarez. Sustentabilidade Direito ao Futuro. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2011, p.58



[1] ASHLEY, Juarez. Sustentabilidade Direito ao Futuro. Belo Horizonte: Editora Fórum,2011,p.58

[2] JACOBI, Pedro Roberto Água e sustentabilidade: desafios, perspectivas e soluções- São Paulo: IEE-USP e Reconectta, 2017 1° edição.

[3] FREITAS, Juarez. Sustentabilidade Direito ao Futuro. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2011, p.58

Como citar e referenciar este artigo:
POLIDORIO, Sállua de Freitas; CASTRO, Ludmila Maria de. Ética no consumo: Em busca de novos paradigmas para um consumo sustentável. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2018. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-ambiental-artigos/etica-no-consumo-em-busca-de-novos-paradigmas-para-um-consumo-sustentavel/ Acesso em: 19 abr. 2024