Direito Ambiental

Expedição SOS PAPAQUARAS

No dia 19 de novembro de 2011, o SOS CANASVIEIRAS, juntamente com as associações de pescadores locais, realizou uma expedição no rio Papaquaras,
Florianópolis-SC. Foi batizada carinhosamente de SOS PAPAQUARAS. Uma proposta de José Luiz Sardá que, de imediato, foi aceita pelo grupo. Os rios do
norte da Ilha da Magia carecem de especial atenção. Estão poluídos, fétidos, sem qualquer proteção… recebem toda espécie de dejetos; como se suas
águas não fossem vitais.

Sardá também providenciou o empréstimo das embarcações. Os jornalistas da RIC Record nos acompanharam e, no mesmo dia, levaram ao ar as imagens e
depoimentos dos participantes. O jornal A Notícia do Dia também publicou material referente ao evento. Agostinho Nicolini, do jornal Floripa Norte da
Ilha, também nos acompanhou e falará a respeito na próxima edição.

Alguns órgãos oficiais foram convidados; mas ninguém apareceu.

O dia ensolarado – que nos surpreendeu com algumas pancadas de chuva – permitiu capturar imagens de um rio que sobrevive de teimoso. Vimos construções
e restos de material de construção destruindo suas margens, canos derramando esgoto em suas águas mansas e escuras, garrafas de bebida, cadeiras,
botas, isopor boiando em seu leito… o forte de cheiro de esgoto, em alguns trechos, era insuportável.

Os pescadores – que cresceram em contato direto com rio – lembraram que, antigamente:

– pescavam robalos de até 8 quilos por ali. (Hoje, só pesca ali quem não sabe que as águas estão poluídas. E os poucos robalos que sobrevivem pesam, em
média, 2 quilos);

– pegavam siri da casca azul em abundância. (Hoje, esse bichinho desapareceu);

– tomavam banho naquelas águas, que eram mais profundas e, obviamene, limpas;

– havia areia branca em alguns trechos da beira do rio. Era uma prainha pra diversão nas tardes de domingo…

A proposta inicial de percorrermos 1.500 metros do Papaquara restou inviabilizada. O  excesso de vegetação no leito do rio impediu a passagem dos
barcos. Vegetação que só cresce em virtude da poluição ali existente, concluiu Sebastião dos Santos, atual presidente do CONSEG Canasvieiras. Não
podemos ir muito além da ponte Xavier, no Canto do Lami; uns 800 metros, mais ou menos.

Ou seja: constatamos também que o rio não é mais navegável.

A manhã de sábado foi produtiva. Verdadeira aula de educação socioambiental ao ar livre. Com pessoas apaixonadas pela Mãe Natureza. Apesar da
indignação com o tratamento dispensado ao rio, o clima de festa e descontração pairava no ar.

As imagens que capturamos serão divulgadas para alertar a comunidade sobre a necessidade de defender e preservar o Papaquaras e todos os rios do norte
da Ilha. Por enquanto, estão disponíveis no facebook do Soscanasvieiras.

Agradecemos aos pescadores que tornaram possível a nossa saída de barcos. E não podemos esquecer o seu pedido de fazermos uma visita ao rio Ratones,
que também está experimentando os mesmos problemas…

* Ana Echevenguá – advogada ambientalista – OAB/SC 17.413

ana@ecoeacao.com.br

Instituto Eco&Ação – www.ecoeacao.com.br

Como citar e referenciar este artigo:
ECHEVENGUÁ, Ana. Expedição SOS PAPAQUARAS. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-ambiental-artigos/expedicao-sos-papaquaras/ Acesso em: 29 mar. 2024