Na sexta-feira, 29/07/2011, recebi um telefonema da imprensa. Leram meu artigo e queriam saber a localização exata dos moradores da beira da praia de
Canasvieiras, Florianópolis. Pretendiam fazer uma matéria a respeito.
Indiquei o local e agradeci a iniciativa. A mídia é fundamental nessas horas. Ajuda na divulgação e solução dos problemas!
No sábado, por volta das 10hs30, o repórter ligou-me novamente. Estava na beira da praia e não encontrou nenhum sem-teto. Apenas um na avenida
principal do centrinho, na sorveteria Amoratto.
Fui até o local – bar Fruto Tropical – e lá estava uma boa parte do grupo que mora na praia. Conversavam com os repórteres.
Aproximei-me para saber quando seria publicada a notícia. Disseram-me que precisavam pensar, avaliar porque:
– os sem-teto, devido ao seu estado de embriaguês, não puderam dar muitas informações;
– alguns moradores que foram ouvidos – 3 ou 4 – disseram que eles só incomodam de noite, fazendo barulho. Durante o dia, nada fazem.
Puxa vida!, um grupo de homens, bêbados, às 11hs da manhã, numa área pública destinada ao lazer, não incomoda?
Lembrei-me de uma palavra que ouvi, há tempos, nessas audiências públicas: normose. Uma senhora disse que seus vizinhos estavam tão anestesiados com
todos os impactos ambientais que experimentavam e com a omissão dos órgãos públicos que tudo parecia normal. Eram vítimas de uma “normose contagiante”.
Deve ser por isso que, em Canasvieiras, é normal o esgoto, cachorro e lixo na praia, insegurança constante, furtos e roubos, buracos nas ruas, um bando
de esfarrapados debaixo das marquises e árvores…
Ana Echevenguá – advogada ambientalista – OAB/SC 17.413
ana@ecoeacao.com.br
Instituto Eco&Ação – www.ecoeacao.com.br