Conhecimento

Alunos Montam Currículos de seu Interesse em Curso Jurídico

 

O Consultor Jurídico, na edição de 29/07/2007, publicou uma reportagem de GABRIELA INVERNIZZI intitulada Profissionais úteis – USP inova e muda grade curricular do curso de direito:

 

Mais autonomia e opções na escolha do conteúdo e da área que o estudante pretende atuar. Essa é a principal mudança que os alunos da faculdade de Direito da Universidade de São Paulo irão encontrar quando ingressarem na próxima turma, em 2008. A nova estrutura curricular, aprovada em maio, traz mais disciplinas optativas e a possibilidade de o estudante montar um currículo com assuntos mais específicos, ainda no início do curso.

 

Na grade curricular antiga os quatro primeiros anos eram gerais. Somente no último ano do curso era possível escolher a área de especialização. A partir de agora, das 2.600 horas de aula do curso 40% serão escolhidas pelo aluno entre disciplinas de formação complementar e 60% devem ser obtidos nas disciplinas de formação fundamental (obrigatórias). O estudante poderá escolher a especialização, de acordo com seus interesses.

 

Esse tipo de especialização já ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Nas universidades americanas, por exemplo, os alunos de direito podem escolher 90% das disciplinas que querem cursar. Dessa forma, eles já saem da faculdade com a especialização definida.

 

Outra novidade no curso da USP é o aproveitamento de atividades culturais, extensão universitária e de pesquisa. Passa a ser possível, também, a utilização de créditos em outros cursos da instituição, que possibilitam a formação interdisciplinar.

 

De acordo com João Grandino, a mudança reflete o objetivo da faculdade de formar profissionais úteis para a sociedade, com conhecimentos humanísticos e interdisciplinares e não puramente técnicos.

 

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Quando comecei meu curso de Direito, em 1975, tínhamos as matérias obrigatórias e algumas poucas opcionais. Por mais que os alunos quisessem montar seus currículos atendendo a interesses pessoais, não havia como fugir da programação limitativa imposta por quem organizava o currículo básico…

 

A grande liberdade de escolha que a USP concederá significa um imenso progresso no ensino do Direito. Afinal de contas, cada aluno visa aprender determinadas matérias na Faculdade de Direito. E cada aluno tem seus propósitos particulares para depois dela.

 

Desde antes de entrar na Faculdade de Direito, minha meta era futuramente ingressar na magistratura estadual. As matérias que procurei estudar melhor foram Civil, Penal, Comercial, Processo Civil e Processo Penal, relevantes para o dia-a-dia daquela profissão. As demais não me interessavam tanto quanto aquelas. Mas nem todos alunos escolherão a magistratura estadual…

 

Os destinatários dos cursos de Direito são os alunos, obviamente. Então, aos alunos deve ser dada a possibilidade de montarem seus currículos.

 

O grande problema para a implantação generalizada do novo programa da USP é a carência de professores. Se, para a maioria das Faculdades de Direito funcionar, contratam-se muitos professores sem grande conhecimento das matérias mais corriqueiras, imagine-se onde se conseguirão professores, em número suficiente, para disciplinas como Direito Ambiental, Direito Comparado, Direito Comunitário, Formas Alternativas de Resolução de Litígios, Informática Jurídica etc.?

 

Pelo fato do magistério ser muito mal remunerado, a maioria dos professores encara o magistério como bico…

 

Todavia, a novidade que será implantada pela USP, que parece ter-se baseado nos modelos americano e europeu, já é um grande passo, que deverá ser seguido, gradativamente, pelas outras entidades de ensino jurídico.

 

 

* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. Alunos Montam Currículos de seu Interesse em Curso Jurídico. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/conhecimento-artigos/alunos-montam-curriculos-de-seu-interesse-em-curso-juridico/ Acesso em: 28 mar. 2024