Conhecimento

Perspectivas contemporâneas das Políticas Educacionais

Primeiramente há de se destacar que o conhecimento possui presença garantida em qualquer projeção que se realize do futuro. Por essa razão, há consenso de que o desenvolvimento de uma nação está diretamente condicionado à qualidade de sua educação[1]. Nesse contexto, as perspectivas para a educação ainda são otimistas.

O questionamento que se faz é: qual é a educação e, qual a escola que é a mais eficiente e adequada para nossos tempos marcados pela globalização e pela era da informação? Qual é o melhor processo que poderá credenciar a aprendizagem para o futuro?

Nas derradeiras décadas do século XX, assistiu-se às grandes mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no âmbito da cultura, da ciência e da tecnologia.

Decorreram-se expressivos movimentos sociais tais como aqueles do leste europeu, no final dos anos oitenta e, que culminaram com a queda do Muro de Berlim[2], o que encerrou definitivamente um ciclo da Segurança Grande Guerra Mundial.

Ainda não se tem a noção exata do que deverá representar para todos nós, a globalização capitalista da economia, das comunicações e da cultura.

Através das transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação. A sociedade antes do conhecimento passou a ser a sociedade da informação[3].

São tempos líquidos repletos de expectativas de perplexidades e de crise das concepções e paradigmas não apenas porque iniciou-se um novo milênio, mas porque há novas exigências.

Uma época de balanço, reflexões e de paradoxos, onde o imaginário ou virtual parece ter um significado maior, do que do real e palpável.

O novo milênio é um novo tempo rico em possibilidades, mas cogitar sobre o limite da educação e seu futuro é sempre requerer uma dose de cautela.

Precisamos avaliar com sobriedade as atuais perspectivas da teoria e da prática da educação, apoiando-se naqueles educadores e filósofos que em meio ao mar de perplexidades, ainda apontam um caminho para o futuro.

Nem a perplexidade e nem a crise de paradigmas podem servir de justificativa para o imobilismo e a inércia.

No início do século XX Herbert George Wells[4] afirmava que “ a História da humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educação e a catástrofe”. E, ao analisar o que ocorreu durante duas grandes guerras que marcaram a história do mundo é evidente que na primeira metade do século XX foi a catástrofe que venceu.

No início dos anos cinquenta afirmava-se que só havia uma alternativa: socialismo ou barbárie (Cornelius Castoriádis)[5], mas chegou-se ao final do século, com a derrocada do socialismo burocrático soviético e, deu-se, também, o enfraquecimento da ética socialista.

E, mais, pela primeira vez da história da humanidade não por efeito das armas nucleares ou poderia bélico, mas o desarranjo deu-se pelo descontrole da produção industrial que pode vir a destruir toda a vida do planeta.

Infelizmente vemos crescer a competitividade ao invés da solidariedade. Será que a barbárie venceu novamente? Enfim, qual é o papel da educação neste novo contexto político? Qual é o papel da educação dentro da era da informação? Quais são as perspectivas da educação para o terceiro milênio?

São questionamentos incômodos que ainda procuramos responder. A palavra perspectiva é de origem latino tardio, perspectivus que por sua vez deriva dois verbos, o perspecto que significa “olhar até o fim” e perspicio que significa “olhar através”. Conclui-se que ter perspectiva é olhar inteiramente e olhar através. (Vide Dicionário Escolar Latino-Português, de autoria de Ernesto Faria).

Nicola Abbagnano informa que perspectiva seria uma antecipação qualquer do futuro, esperança, ideal, ilusão e utopia. O vocábulo exprime o conceito de possibilidade, mas de um ponto de vista mais genérico e, que menos compromete, dado que podem surgir como perspectivas, duas coisas que não possuem suficiente consistência para serem possibilidades autênticas.

Cogitar em perspectivas significa enfim cogitar em esperança do futuro.

Há muitos educadores que estarrecidos permanecem perplexos diante de céleres mudanças na sociedade, na tecnologia e, principalmente, na educação e se questionam sobre o futuro de sua profissão e temem que sejam substituídos por máquinas, robôs e outros artefatos tecnológicos.

Então surgem as teses sobre o ideal pedagógico[6] que trafega por possíveis cenários para a educação. Para se ter uma perspectiva, faz-se necessário certo distanciamento, para bem se analisar a direção, os objetivos e as expectativas sobre a educação.

A virada do milênio é propícia para se refletir sobre as práticas e as teorias que atravessaram os tempos. Quando se precisar identificar o espírito, os valores e as possibilidades para o futuro.

Percebe-se que algumas perspectivas teóricas que orientaram muitas práticas poderão desaparecer e, há outras que permanecerão em sua essência.

Questiona-se sobre quais as teorias e práticas fixaram-se no âmago do ethos educacionais[7] e quais criaram raízes e permaneceram e, ainda se fazem presentes até hoje?

Afinal, para entender o futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação contemporânea, podem ser destacados alguns marcos, algumas pegadas e vestígios que persistem e poderão continuar na educação do futuro.

A educação tradicional está enraizada na sociedade de classes de cunho escravagista da Idade Antiga e que era particularmente voltada para uma pequena minoria.

Seu declínio começou já no Renascimento, mas de certa forma ainda sobrevive até hoje mesmo diante da média extensão de escolaridade trazida pela educação burguesa[8].

Nem o Iluminismo[9] galgou trazer as luzes para todos indistintamente.

A educação nova[10] surgiu mais positivamente a partir da obra de Rousseau e, se desenvolveu, particularmente nesses últimos dois séculos que foram marcados por honrosas conquistas, principalmente no âmbito das ciências da educação e das metodologias de ensino.

John Dewey introduzira a acepção de “aprender fazendo” e Frenet[11] trouxe as técnicas para aquisições definitivas na história da pedagogia. Acredita-se que tanto a educação tradicional como a escola nova possuem assegurado o lugar na educação do futuro.

Em comum tais modelos de educação tem a concepção de ser um processo de desenvolvimento individual. Porém, o traço marcante da educação do século XXI é exatamente o deslocamento de enfoque, passando do individual para o social, passa do político para o ideológico. E, a pedagogia institucional[12] é um bom exemplo.

A educação do século XX tornou-se permanente, contínua e cada vez mais social. Apesar disto, existem muitos desníveis entre regiões e países, entre países periféricos e hegemônicos e, ainda, países globalizadores e países globalizados.

A educação internacionalizada surgiu no início na segunda metade deste século, quando então se idealizou uma educação foi confiada a grande organização chamada UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)[13].

Os países mais desenvolvidos já haviam universalizado o ensino fundamental e o conseguiram eliminar o analfabetismo.

Os sistemas nacionais de educação trouxeram forte impulso que fez surgir numerosos planos de educação e que reduziram custos e elevaram os benefícios[14].

Em verdade, a tese de uma educação internacionalizada já existia desde 1899, quando se fundou o Bureau Internacional de Novas Escolas em Bruxelas por iniciativa de Adolphe Ferriére. O que acarretou grande uniformidade nos sistemas de ensino pelo mundo.

Afinal, todos os sistemas educacionais contam com uma estrutura muito similar e, com o fenômeno da globalização, novo impulso surgiu para a ideia de uma educação igual para todos.

As consequências da evolução das novas tecnologias, concentrada na comunicação de massa, na difusão do conhecimento ainda não se deu plenamente no ensino conforme previra McLuhan[15] em 1969, pelo menos na maioria das nações, mas a aprendizagem a distância parece ser a grande novidade educacional neste início de milênio.

Mas, apenas reproduz o ensino por correspondência só que por outro veículo de comunicação, dotado de resposta mais célere.

A educação opera com linguagem escrita e a contemporânea cultural vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e da informática, mensagens em áudio e vídeo.

A cultura do papel (literatura impressa) talvez seja o maior obstáculo ao uso intensivo da internet, em particular, no ensino a distância.

A cultura digital é cheia de links, hiperlinks, blogs, sites, redes sociais onde a interação é constante e, em tempo real, e para atender as necessidades emergentes.

Os sistemas educacionais não conseguiram ainda avaliar suficientemente o impacto produzido pela comunicação audiovisual e da informática. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano, o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar e desenvolver a memória[16].

De sorte que a função da escola cada vez mais se torna a ensinar a pensar criticamente. E, para tanto, preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica e a linguagem computacional[17].

Complexidade e holismos são paradigmas muito debatidos o que nos conduz as reflexões de Edgar Morin que criticou a razão produtivista e a racionalização modernas, propondo uma lógica do vivente.

Tais paradigmas sustentam o princípio unificador do saber, do conhecimento, em torno do ser humano, valorizando sua realidade cotidiana, e outros aspectos e categorias como decisão, projeto, ambiguidade, finitude, escolha, vínculo e totalidade.

Os chamados paradigmas holonômicos[18] são aqueles que procuram centrar-se na totalidade. Pretendem restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa e criatividade, valorizando o micro, a complementaridade, a convergência e, por fim, a complexidade.

Para os paradigmas clássicos da educação que sustentam o sonho milenar de uma sociedade plena, sem arestas em que nada perturbaria um consenso sem fricções ou fraturas.

Ao se aceitar como fundamento da educação uma antropologia que concebe o homem, como um ser essencialmente contraditório, reconhecendo que os paradigmas holonômicos pretendem manter sem pretender superar, todos os elementos da complexidade da vida.

Os holistas sustentam que o imaginário e a utopia são os mais expressivos fatores instituidores da sociedade e recusam uma ordem que aniquila o desejo, a paixão, o olhar e a escuta.

Segundo os holistas, os enfoques clássicos banalizam essas dimensões, da vida porque sobrevalorizam o macroestrutural, o sistema em que tudo é função ou efeito das superestruturas socioeconômicas ou epistêmicas linguísticas e psíquicas.

A história é essencialmente possibilidade, em que o que vale é o imaginário (Gilbert Durand, Cornelius Castorádis). Existem tantos mundos quantos possam nossa capacidade imaginar. Então, assim, a imaginação humana está no poder.

No fundo, tais categorias não são novas e nem mesmo inéditas na teoria da educação, porém, hoje são lidas e interpretadas com uma maior simpatia do que foram antes.

Sob diversos formas e com diferentes significados, tais categorias são encontradas em muitos intelectuais, filósofos e educadores, de ontem e de hoje seja no sentido da curiosidade (conforme previu Paulo Freire), da tolerância (Karl Japers), de estrutura acolhida (Paul Ricouer), de diálogo (Martin Buber), a autogestão (Frenet e Lolrot), seja a desordem (Edgar Morin[19]), de ação comunicativa, o mundo vivido (Habermas), seja a radicalidade (Agnes Heller), seja a empatia (de Carl Rogers), seja a questão de gênero (Moema Viezzer, Nelly Stomquist), seja o cuidado (Leonardo Boff), seja a esperança (Ernest Bloch), seja a alegria (Georges Snyders) ou por fim, a unidade do homem contra as unidimensionalizações (Herbert Marcuse[20]).

Naturalmente nem todos os pensadores aceitariam enquadrar-se nos paradigmas do holismos. E todas as classificações e tipologias são sempre reducionistas e não se pode negar as divergências que existem entre estas.

Mas, indicam certa tendência, ou pelo menos, uma verta perspectiva da educação. Os defensores de paradigmas holonômicos[21] buscam na unidade dos contrários e na cultura contemporânea um sinal do futuro que estes denominam de pedagogia da unidade.

O paradigma da educação popular[22] inspirado no labor de Paulo Freire nos anos sessenta e, encontrou conscientização como sendo sua categoria fundamental.  A prática e a reflexão sobre a prática conduziram a incorporação de outra categoria não menos relevante, a da organização.

Não basta estar consciente, é preciso também organizar-se para poder transformar. Mas, nesses derradeiros tempos, os educadores permaneceram fiéis aos princípios da educação popular e atuaram em prol da educação pública popular e na educação comunitária e na educação ambiental ou sustentável (e nos órgãos não-governamentais).

Durante os regimes totalitários e autoritários na América Latina, a educação popular manteve sua unidade, sendo combativa e presente através de seus projetos alternativos.

Com a redemocratização deu-se a fragmentação em dois sentidos de um lado, ganhou uma nova vitalidade no interior do Estado, diluindo-se em suas políticas públicas e, de outro, continuou a educação não-formal dispersando-se em múltiplas experiências.

Resultando que se perdeu a unidade, mas ganhou em diversidade e conseguiu ultrapassar muitas fronteiras[23].

As práticas de educação popular também se constituem em mecanismos de democratização em que se refletem os vários valores como solidariedade e de reciprocidade e novas formas alternativas de produção e de consumo, sobretudo, as práticas de educação comunitária, muitas destas voluntárias.

O Terceiro Setor progressivamente não apenas como alternativa entre o Estado democrático e o mercado insolidário mas, também como espaço de novas vivências sociais e políticas hoje consolidadas através de organizações não-governamentais (ONGs[24]) que atualmente representam solo fértil para educação popular.

Diante desse quadro, a educação popular tem oferecido diversas alternativas úteis tais como a proposta de reforma dos sistemas de escolarização pública.

A vinculação da educação popular com o poder local e a economia popular abre também as inéditas possibilidades para a prática da educação.

O modelo teórico da educação popular[25] foi elaborado na reflexão sobre a prática da educação ao longo dos anos, e elaborou a noção de aprender a partir do conhecimento do sujeito, a noção de ensinar a partir das palavras e temas como a politicidade da educação representam apenas alguns dos legados deixados pela educação popular e a pedagogia crítica universal.

Referências:

GADOTTI, Moacir. Política Educacional – Perspectivas Atuais da Educação. Porto Alegre Editora Artes Médicas, 2000.

DELORS, J. Educação, um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998.

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva, Jeanne Sawaya. R. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2013.

NISKIER, Arnaldo. Filosofia da Educação. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

BANNELL, Ralph Ings. Habermas & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

DE OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno. Leituras Freireanas sobre educação. Série Paulo Freire. Direção Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

VIEIRA BARROS (ORG.), João de Deus. Imaginário e Educação. Pesquisas e Reflexões. São Luís: EDUFMA, 2008.

VILLAMARÍN, Alberto J.G. A Educação Racional. O que as modernas teorias psicológicas têm a dizer sobre a educação e a auto-educação de crianças e adultos. Porto Alegre: Editora Age, 2001.

BRAYNER, Flávio Henrique A. Educação e sociedade: a herança de um fim-de-século desencantado. Recife: Editora UFPE, 2002.

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000.

LIMA, Alcimar Alves de Souza; ROVALI, Esméria. Escola como Desejo e Movimento. Novos paradigmas, novos olhares para a educação. São Paulo: Editora Cortez, 2015.



[1] A qualidade associada à educação é compreendida e trabalhada de muitas formas. A maior parte da população opina, muitas vezes induzida pelo governo, empresa privada ou mesmo por opiniões alheias, desconhecendo a abundante pesquisa e os acalorados debates sérios que acontecem há várias décadas na América Latina e no mundo. Muito é difundida a ideia de que a educação pública é ruim e a privada boa. Há, porém, péssima educação privada (mesmo se é muito cara) e boa educação pública. É importante que para os alunos que aprendam primeiro em sua própria língua. Sendo um direito e elemento essencial de uma educação de qualidade.

O tema da qualidade é tão complexo. Não basta melhorar um aspecto, afinal para melhorar a educação como um todo. Se fosse fácil resolver o desafio da qualidade na educação, não estaríamos hoje discutindo esse tema. Um conjunto de fatores contribuem para com a qualidade na educação. O que é educação de qualidade?  Para a Unesco, “a qualidade se transformou em um conceito dinâmico que deve se adaptar permanentemente a um mundo que experimenta profundas transformações sociais e econômicas. É cada vez mais importante estimular a capacidade de previsão e de antecipação. Os antigos critérios de qualidade já não são suficientes.

[2] O muro de Berlim representou o maior símbolo da divisão do mundo entre o bloco ocidental e oriental. E, o primeiro era liderado pelos Estados Unidos, onde havia o capitalismo como sistema econômico. E, o segundo era liderado pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) que era adepta ao socialismo. Tal configuração de mundo se formou particularmente com o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, um conflito que durou de 1939 a 1945, quando dois países saíram fortalecidos, a saber: os EUA e a URSS. Deu-se a polarização destas potências, são iniciados confrontos indiretos e disputas estratégicas entre as duas nações. E, tal fenômeno conhecido como Guerra Fria. O muro de Berlim foi construído em 1961 através da Alemanha Oriental, divorciando a Alemanha Ocidental. Tal estrutura, porém, não separou apenas o território germânico, mas dividiu famílias. Afora o aspecto ideológico da construção do muro, existia o objetivo de impedir a fuga de cidadãos para a Alemanha Ocidental que recebera mais de dois milhões de pessoas do lado socialista (no período de 1949 a 1961). O muro tinha 156km de extensão e cerca de trezentas torres militares para observação do movimento dos arredores. Era ainda protegido por cães, policiais e cercas eletrificadas. E, segundo alguns historiadores, o número estimado de pessoas que morreram tentando passar de um lado para o outro foi de oitenta.

[3] A sociedade do conhecimento é aquela que considera o conhecimento como fator vital e essencial para se adquirir riqueza e poder, seja para as organizações ou para os países. Essa sociedade também considera as inovações tecnológicas como fatores importantes para o desenvolvimento produtivo e econômico dos países. Já a sociedade da informação não está tão atrelada a esse aspecto econômico da outra sociedade, porém esta tem o seu importante papel, porque esta é responsável pelas redes de comunicação e, que em seguida, de uma forma bem rápida desembocam na troca de informações. Sendo assim, a sociedade do conhecimento é o motor econômico numa determinada comunidade e a sociedade da informação é o veículo que potencializa o compartilhamento dessa informação.

Em verdade, hoje vivemos o auge da “sociedade da informação”. O traço característico desta sociedade pós-industrial é o avanço vertiginoso da tecnologia de ponta e do fluxo de informação pela comunicação. Embora, algumas regiões da “aldeia global” ainda vivem à margem dos benefícios da modernidade tardia. Neste cenário, o Brasil vê-se obrigado a repensar e implementar uma política pública de ensino que democratize, definitivamente, a cidadania e o acesso à tecnologia.

[4] Conhecido como H.G. Wells (1866-1946) foi escritor britânico e membro da sociedade fabiana. Ele analisa a dicotomia entre a natureza e a educação e questiona a humanidade em livros como A Ilha do Dr. Moreau. Nem todos os seus romances terminam em feliz Utopia, como mostra o distópico When the Sleeper Awakes. “A Ilha do Dr. Moreau” ainda é mais sombria. O narrador, após ficar encurralado numa ilha cheia de animais vivissectados (sem sucesso) até se transformarem em seres humanos, acaba por regressar à Inglaterra e, tal como Gulliver no regresso do país dos Houyhnhms, vê-se incapaz de afastar a percepção dos membros da sua própria espécie como bestas só ligeiramente civilizadas, regressando a pouco e pouco à sua natureza animal. Wells chamava às suas ideias políticas “socialistas”, e com o seu gosto por utopias, olhou inicialmente com bastante simpatia para as tentativas de Lenin de reconstruir a destroçada economia russa, como mostra o seu relato de uma visita ao país (Russia in the Shadows, 1920). No entanto, desiludiu-se com a crescente rigidez doutrinária dos bolcheviques e, após um encontro com Josef Stálin, convenceu-se de que a revolução correra terrivelmente mal. Neste particular, pode-se considerá-lo um visionário profético.

[5] Cornelius Castoriádis (1922-1997) foi filósofo, economista e psicanalista francês, de origem grega, defensor do conceito de autonomia política. É considerado um dos maiores expoentes da filosofia francesa do século XX. Em 1949, fundou juntamente com Claude Lefort, o grupo Socialismo ou barbárie, que deu origem a revista homônima e que circulou em 1967.

[6] Do ponto de vista urbano, a escola ideal é aquela na qual toda criança estuda numa escola que tem bons equipamentos – como computadores, bibliotecas e merenda satisfatória – e ótimos professores. Para isso, o professor deve estar motivado, bem formado e preparado. Num plano mais individual, ninguém sabe qual a escola ideal no mundo contemporâneo, pois o mundo está mudando muito.”. (In: Da Redação. Revista Superinteressante, publicada 30 de junho de 2003. Disponível em:   https://super.abril.com.br/cultura/a-escola-ideal/.  Acesso em 04.11.2017).

[7] Ethos é uma palavra com origem grega, que significa caráter moral. É usada para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou nação. No âmbito da sociologia e antropologia, o ethos são os costumes e os traços comportamentais que distinguem um povo. Entre os gregos antigos, a palavra ethos significava, originalmente, a morada do homem, isto é, a natureza. Uma vez modificada pela atividade humana, sob a forma de cultura, a regularidade própria dos fenômenos naturais é transposta para a dimensão dos costumes de uma determinada sociedade.  Em vez da ordenação observável no ciclo dos fenômenos naturais (marés, fases da Lua e do dia, por exemplo), a cultura promove a sua própria ordenação, o estabelecer normas e regras de conduta que devem ser observadas por seus membros. Assim, os gregos compreendiam que o homem habita o ethos, entendido como a expressão normativa da sua própria natureza. Embora constitua uma criação humana, tal expressão normativa pode ser simplesmente observada, como no caso das ações por hábito. Pode-se também questionar e discutir o ethos a partir de um distanciamento consciente. Neste caso, adentramos o terreno da ética, que é o [[logos| discurso racional]] sobre o ethos.

[8] Lembremos que Montaigne defendia uma educação com provada utilidade. Nascia assim a doutrina para o ensino útil, que não fosse apenas o de aprender e sim, o de assimilar tais coisas no cotidiano. Contudo, o homem situado em classes inferiores continuavam sem educação necessária. E, com o surgimento do protestantismo, a intenção na educação era a de educar a burguesia abonado e, com a mesma finalidade, não abandonar as classes desfavorecidas. Os jesuítas, por sua vez, tinham como finalidades dar as suas escolas um molde cultural, aos nobres e aos burgueses abonados. Estes possuíam os melhores professores e os mais bem preparados. Mas, utilizavam os recursos pedagógicos como forma de dominação.

[9] O Iluminismo surgiu em França e no decorrer do século XVIII desenvolveu-se por toda a Europa, caracterizando esse período como o “Século das Luzes”.  Esse movimento intelectual baseado na razão era contrário à tradição cultural e institucional representada, sobretudo, pela religião e pelo absolutismo monárquico que dominavam a Europa. Para os intelectuais que participaram desse movimento, a sociedade em que viviam precisava se libertar da escuridão que a oprimia e deixar-se “iluminar pelas luzes da razão”. Desse modo, os teóricos iluministas defendiam a liberdade de pensamento, sobretudo sua vertente científica. Importante ressaltar que no século XVII começou a se difundir na Europa uma nova forma de pensamento que procurava valorizar a ciência e a razão humanística em detrimento da religiosidade medieval. Essa nova forma de pensamento deu início a chamada Revolução Científica do século XVII, cujas bases teóricas culminaram, um século depois, no Iluminismo. A universalidade, a individualidade e a autonomia são consideradas os seus princípios básicos. E entre as principais características e temas do ideário iluminista estão: o racionalismo, o humanismo, o antiabsolutismo, a defesa da teoria da divisão dos poderes, a defesa dos direitos naturais do homem e o anticlericanismo.

Os intelectuais iluministas propunham a reforma da sociedade e de suas instituições e defendiam o direito às liberdades política, religiosa, econômica, de locomoção, de pensamento e expressão. Entre as reformas propostas estava a reforma educacional que no Antigo Regime estava sob a tutela da Igreja Católica e acessível apenas a uma ínfima parcela da população. Os “homens das luzes” manifestavam-se contrários a essa concepção de Educação e propunham que a Educação deveria ser gratuita, obrigatória e laica, uma vez que para o progresso e felicidade do homem, a Educação é tida como uma ferramenta fundamental.

[10] A Escola nova é também chamada de escola ativa ou escola progressiva corresponde ao movimento de renovação do ensino, que surgiu no fim do século XIX e ganhou maior força na primeira metade do século XX. Nascida na Europa, tendo como um dos fundadores o suíço Adolphe Ferrière, e América do Norte, chegou ao Brasil em 1882, pelas mãos de Rui Barbosa, e exerceu grande influência nas mudanças promovidas no ensino na década de 1920, quando o país passava por uma série de transformações sociais, políticas e econômicas. Na época, o mundo vivia um momento de crescimento industrial e de expansão urbana. Nesse contexto, um grupo de intelectuais brasileiros sentiu necessidade de preparar o país para acompanhar esse desenvolvimento. A educação era percebida, por eles, como o elemento chave para promover a remodelação requerida. Inspirados nas ideias político-filosóficas de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação, esses intelectuais viam num sistema estatal de ensino público, livre e aberto, o único meio efetivo de combate às desigualdades sociais da nação.

[11] Como marco de seu trabalho, no ano de 1924, Freinet insere a imprensa no espaço escolar, trazendo mudanças nas atitudes de professores e alunos frente a essa experiência que propiciava uma nova forma de se pensar o processo da apropriação do conhecimento. A disseminação desse novo olhar sobre a pedagogia, que trazia consigo a relevância de formar o sujeito autônomo e cooperativo, faz com que a participação de Freinet em congressos se torne frequente, nos anos de 1925 a 1927, tornando-se referência internacional. Nesse período (1925), conhece Élise, que, pelo seu olhar aguçado e sensível por meio da arte, o ajuda a aprimorar suas técnicas. Nesse tempo de efervescência, nasce o CEL (Cooperativa de Ensino Leigo), com o objetivo de ampliar não somente as publicações referentes às concepções de Freinet –  e a educação, como também propagar a fabricação e difusão de novos instrumentos pedagógicos.  Como se não bastasse tantas atividades o CEL ainda realizava intercâmbios de circulares, boletins e revistas infantis, desencadeando aos poucos a correspondência entre professores que tinham interesse em desenvolver a proposta freinetiana.

[12] A pedagogia institucional foi criada em 1958 por Fernand Oury, em França, pode-se ser definida como: ” um conjunto de técnicas, de organizações, de métodos de trabalho, de instituições internas nascidos da práxis de salas de aula ativas. Esta coloca adultos e crianças dentro de situações novas e diversificadas, que exigem de cada um, engajamento pessoal, iniciativa, ação e continuidade. Portanto, a pedagogia institucional elabora uma abordagem educativa que ressalta, na situação pedagógica, os aspectos relacional e estrutural que sustentam o processo de ensino e aprendizagem. Na escola, portanto, educar é cuidar das condições que instituem e mantêm as relações intersubjetivas em torno do conhecimento inclusive o que nestas há de conflito, tensão e violência.

[13] É a agência das Nações Unidas que atua nas seguintes áreas de mandato: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação. A representação da UNESCO no Brasil foi estabelecida em 1964 e seu escritório, em Brasília, iniciou as atividades em 1972, tendo como prioridades a defesa de uma educação de qualidade para todos e a promoção do desenvolvimento humano e social. Desenvolve projetos de cooperação técnica em parceria com o governo – União, estados e municípios –, a sociedade civil e a iniciativa privada, além de auxiliar na formulação de políticas públicas que estejam em sintonia com as metas acordadas entre os Estados Membros da Organização.

[14] No Brasil, as ações da UNESCO nesta área priorizam projetos, programas e debates centrados nas relações entre as TICs e a educação, fundamentalmente nas áreas de avaliação de resultados e formação de professores; na garantia do acesso universal às informações públicas,  por meio do fortalecimento da governança eletrônica, da política de arquivos e bibliotecas e da gestão da informação; no alcance de um ecossistema  midiático plural, com profissionais capacitados e fortalecidos e com meios (antigos e novos) capazes de solidificar a democracia brasileira.

[15] Herbert Marshall MacLuham (1911-1980) foi prestigiado educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação canadense. Conhecido por identificar a internet quase trinta anos antes de ser, inventada. Famoso igualmente por sua máxima que aduz: “O meio é a mensagem” e por ter cunhado o termo “aldeia global”. Foi pioneiro nos estudos culturais e no estudo filosófico das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.

[16] É possível exercitar o cérebro para mantê-lo saudável e aproveitar seu potencial, e até mesmo melhorá-lo. O cérebro humano tem uma capacidade surpreendente para se adaptar e mudar, inclusive na velhice. Esta capacidade é conhecida como neuroplasticidade, graças à qual, se estimulado de forma adequada, o cérebro pode formar novas conexões neurais, alterar as conexões existentes e se adaptar às mudanças. Devido à neuroplasticidade do cérebro, é possível aumentar a capacidade cognitiva, melhorar a capacidade de aprendizado e potencializar a memória.

[17] Durante os últimos sessenta anos, muitas linguagens de programação foram inventadas. As primeiras eram marcadas pelas limitações dos computadores da altura.  Hoje em dia, a procura de linguagens de programação que permitem a implementação de algoritmos cada vez mais complexos continua. Apesar de numerosas tentativas, ainda não foi inventada a linguagem de programação ideal. Todas as linguagens de programação apresentam idiossincrasias, qualidades e defeitos próprios.  Assim como não existe uma linguagem de programação ideal, não existe uma linguagem de programação ideal para aprender a programar.

[18] Esses paradigmas sustentam um princípio unificador do saber, do conhecimento, em torno do ser humano, valorizando o seu cotidiano, o seu vivido, o pessoal, a singularidade, o entorno, o acaso e outras categorias.  Holistas sustentam que imaginário e utopia são os grandes fatores institucionais da sociedade. A complexidade deve ser entendida como um dado da realidade e a transdisciplinaridade é entendida como um desdobramento pelo fato do dualismo provocar desequilíbrio, dúvidas e ansiedades. Entendida como atitude e como método a transdisciplinaridade poderá dar uma contribuição ao estudo e a prática daquilo que se chama de pedagogia da terra, a eco pedagogia que incorpora a atitude, vivência e a convivência transdisciplinar.  Por isso que se crê que um dos grandes méritos da transdisciplinaridade seja recuperar e renovar a categoria hegeliana de totalidade.

[19] Morin defende o pensamento integral, pois ele permite ao homem concretizar uma meditação mais pontual; a pedagogia atua, porém, com seu radical fracionamento do saber, e leva o indivíduo a entender o universo em que vive de forma facciosa, sem conexão com o universal.  Assim, rompe-se qualquer interação entre local e global, o que proporciona uma resolução das questões existenciais completamente desvinculada da contextura em que elas estão situadas. Morin estabelece igualmente os sete saberes, indispensáveis na edificação do futuro da educação. O primeiro é sobre as cegueiras do conhecimento –o erro e a ilusão: deve-se valorizar o erro enquanto instrumento de aprendizagem, pois não se conhece algo sem primeiro cair nos equívocos ou nas ilusões. O segundo saber se relaciona ao conhecimento próprio, a unir os mais diversos campos do conhecimento para combater a fragmentação; assim, a educação deve deixar a contextura, o universal, as diversas dimensões do ser humano e da sociedade, e a estrutura complexa bem claras. O terceiro saber é ensinar a condição humana, transmitir ao aluno que o homem é um ser multidimensional. Assim, a pedagogia do amanhã necessita, antes de tudo, privilegiar a compreensão da natureza do ser humano, ele também um indivíduo fragmentado. A identidade terrena também deve ser prioridade, preconiza o quarto saber, pois é fundamental conhecer o lugar no qual se habita, suas necessidades de sustentabilidade, a variedade inventiva, os novos implementos tecnológicos, os problemas sociais e econômicos que ela abriga. O quinto saber indica a urgência de enfrentar as incertezas, que parte da certeza da existência de dúvidas na trajetória humana, pois, apesar de todo o progresso da humanidade, não é possível, ainda, predizer o futuro, uma região nada previsível, a qual desafia constantemente o homem. O sexto saber defende que se deve ensinar a compreensão, fator indispensável na interação humana; ela deve ser instaurada em todos os campos de ação do cotidiano escolar. O sétimo saber é a ética do gênero humano, correspondente à antropo-ética, a qual defende que não devemos querer para outrem aquilo que não desejamos para nós mesmos, como já pregava Jesus Cristo.

[20] Herbert Marcuse (1898-1979) foi sociólogo e filósofo alemão, naturalizado norte-americano, pertencente à Escola de Frankfurt. Em 1933, por intermédio da intervenção de Leo Lowenthal e de Kurt Riezler, Herbert Marcuse foi admitido no Instituto de Pesquisas Sociais que seria mais tarde associado à Escola de Frankfurt, que neste momento estava exilado em Genebra. Ele tentara, sem sucesso, desde 1931 entrar em uma relação mais estreita com o Instituto. Em 1934, junto com Theodor Adorno e Max Horkheimer mantém suas atividades nos Estados Unidos. Em 1950 os colaboradores do Instituto retornam à Alemanha, Marcuse decide permanecer nos Estados Unidos onde pensa, escreve e ensina até sua morte em 1979. Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, os movimentos repressivos das liberdades individuais, e com uma desvalorização da razão em favor da técnica. Em seu livro “O homem unidimensional”, Marcuse afirma que a sociedade industrial chegou a um ponto onde a burguesia e o proletariado, classes responsáveis pelo movimento da história, deixam de ser agentes transformadores da sociedade para se tornarem agentes defensores do status quo.  Os avanços da técnica solucionaram tantas pequenas necessidades, tornaram a vida destes grupos tão confortáveis, que o ímpeto revolucionário desses grupos cessou. Ao mesmo tempo, a técnica possibilita um controle social cada vez mais aperfeiçoado, e se torna não um instrumento neutro, como se acreditava anteriormente, e sim engrenagem central de um novo sistema de dominação. E se o proletariado não é mais “sujeito revolucionário”, grupo em oposição à sociedade hegemônica, que grupo social o será? De acordo com Marcuse, isso cabe àquela cuja ascensão não é permitida pela sociedade moderna, aos grupos minoritários às margens da sociedade que o bem-estar geral não conseguiu (ou não se interessou em) incorporar.

[21] O holismo é termo proposto pelo americano Ron Miller (1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais, de humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação. São consideradas, portanto, todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também, os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano. Ron Miller foi fundador do jornal Holistic Education Review (atualmente nomeado como Encouter: Education for Meaning abd Social Justice). O holismo é de origem aristotélica, quando afirmou: “O todo é maior que a soma das partes”.

[22] O termo “educação popular” está associado a uma educação realizada nos movimentos populares e, é política na medida em que não se dissocia da vida cotidiana, que é o ponto de partida para a compreensão dos problemas que afligem a comunidade e para a compreensão sobre as estratificações sociais e de poder que a permeiam.

[23] Nesse contexto, em que somos apenas um fio da teia cósmica de infinitas relações, o homem não pode mais ser o “Senhor do Universo”, querendo submeter à natureza a seus caprichos. A visão holística dá então, lugar a um oceano cósmico dotado de vida e consciência, que se regula e se expande por si próprio. Surge daí um novo conceito de espiritualidade no homem, de integração teórica – vivencial – com a totalidade cósmica, através dos planos pessoal, comunitário, social e planetário.

[24] As ONGs surgiram nas décadas de 1970 e 1980 por conta dos movimentos sociais e outras entidades representativas da sociedade civil, tais como o OAB, SBPC e a ABI que mantiveram seus associados, mas evitaram contato com as formas tradicionais de solidariedade (filantropia) e com a comunidade empresarial. E o chamado assistencialismo tem sido mesmo sido considerado um termo pejorativo.

No Brasil, as ONGs nasceram baseadas no modelo norte-americano e dentro de circuitos de cooperação global. As ONGs dos anos noventa vieram encontrar na cooperação internacional o veículo adequado para financiar o apoio à luta pela cidadania. As ONGs além de não serem governamentais, são entidades não lucrativas e não são representativas e não financiam. As ONGs ficam livres para realizar a mediação entre as pautas internacional e local, especializando-se em projetos que fazem sentido nas pontas do projeto de desenvolvimento.

[25] A educação popular é um método de educação que valoriza os saberes prévios do povo e suas realidades culturais na construção de novos saberes. Não é “educação informal” porque visa a formação de sujeitos com conhecimento e consciência cidadã e a organização do trabalho político para afirmação do sujeito. É uma estratégia de construção da participação popular para o redirecionamento da vida social. A principal característica da educação popular é utilizar o saber da comunidade como matéria prima para o ensino, valorizando todos os sujeitos sociais nesse processo, tornando esse espaço de educação um lugar de afetos alegres e amorosidade. É aprender a partir do conhecimento do sujeito e ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele, reconhecendo a importância do saber popular e o saber científico. A Educação é vista como ato de conhecimento e transformação social, tendo um certo cunho político.

Como citar e referenciar este artigo:
LEITE, Gisele. Perspectivas contemporâneas das Políticas Educacionais. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2017. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/conhecimento-artigos/perspectivas-contemporaneas-das-politicas-educacionais/ Acesso em: 19 mar. 2024